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Voz da inclusão

por Feapaes-ES

Garotinha com síndrome de Down

Crédito: Freepik

Síndrome de Down

Estudo inovador pesquisa Alzheimer em pessoas com síndrome de Down

Crédito: Freepik

O estudo foi o primeiro a mapear a neuroinflamação nessa população

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram, por meio de técnicas de medicina nuclear, a presença de neuroinflamação e de placas beta-amiloides em pessoas com síndrome de Down, fatores associados ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Utilizando tomografia por emissão de pósitrons (PET) com radiofármacos específicos, o estudo foi o primeiro a mapear a neuroinflamação nessa população.

Segundo Daniele de Paula Faria, pesquisadora do Laboratório de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o estudo é inédito ao investigar padrões de neuroinflamação em cérebros de pessoas com síndrome de Down. A pesquisa faz parte de um projeto realizado em colaboração com o Instituto Jô Clemente e avaliou indivíduos de diferentes idades.

Estudos anteriores já indicavam que o processo de envelhecimento em pessoas com síndrome de Down ocorre de forma acelerada, com menopausa precoce e diagnóstico de Alzheimer a partir dos 40 anos. Essa população apresenta uma produção maior de beta-amiloide, já que o gene da proteína precursora amiloide (APP) está localizado no cromossomo 21, que é triplicado na síndrome. No entanto, pouco se sabia sobre os padrões de neuroinflamação.

O estudo também envolveu experimentos com camundongos geneticamente modificados para apresentar uma condição semelhante à síndrome de Down. Os pesquisadores acompanharam a progressão da neuroinflamação e das placas beta-amiloides ao longo de dois anos nesses animais, observando o processo de envelhecimento de maneira mais rápida, devido ao ciclo de vida reduzido dos roedores.

Os dados foram apresentados por Faria durante o Simpósio de Imagem Molecular, realizado no Instituto de Radiologia da USP. O evento marcou os dez anos da primeira imagem de amiloide obtida no Brasil, resultado de um projeto liderado por Geraldo Busatto Filho, coordenador do LIM21.

A metodologia, validada no Brasil, utiliza radiofármacos para visualizar as placas beta-amiloides e a neuroinflamação no cérebro, sendo considerada uma ferramenta importante para diferenciar a doença de Alzheimer de outras demências e para estudar sua progressão em populações específicas, como pessoas com síndrome de Down.

Na ocasião, Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, destacou a importância do projeto para a ciência no estado de São Paulo, citando o financiamento estável, o corpo de pesquisadores qualificados e as instituições de excelência como fatores que fortalecem o desenvolvimento científico na região. Zago também enfatizou a necessidade de atrair jovens cientistas e mencionou oportunidades de financiamento para novos projetos de pesquisa.