Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória

Reconstrução

Mimoso do Sul: um ano da tragédia que devastou cidade e deixou 19 mortos

Enchente atingiu o município da região Sul capixaba no dia 22 de março de 2024. Pelas ruas, mortes, destruição e mais de 10 mil pessoas afetadas

Exatamente há um ano, Mimoso do Sul enfrentava uma das maiores enchentes já registradas na história da cidade e do Espírito Santo. Entre 22 e 23 de março de 2024, o município da região Sul capixaba foi atingido por fortes chuvas que deixaram um rastro de destruição e 19 mortos.

A chuva em Mimoso foi a maior tragédia do Estado desde 2013, quando 24 pessoas morreram em cerca de 17 dias de temporais e chuvas intensas.

No ano passado, o impacto foi devastador. Em apenas um dia, a chuva afetou mais de 10 mil pessoas — entre desalojados e desabrigados — e transformou as vidas de capixabas para sempre.

Além de Mimoso do Sul, a chuva atingiu os municípios de Alfredo Chaves, Apiacá, Bom Jesus do Norte, Ibitirama, Vargem Alta, Muqui, Muniz Freire, Guaçuí e Castelo.

Veja imagens aéreas da cidade na época da chuva:

“Nunca vai estar 100% novamente”, disse o prefeito da cidade, Peter Costa, à reportagem do Folha Vitória.

Para o atual gestor, por mais que a reconstrução aconteça, com o funcionamento normalizado do comércio e das escolas e a revitalização de pontes e ruas, a vida no município não voltará a ser como antes.

E não será a mesma principalmente para quem perdeu familiares e amigos nas águas da tempestade. Crianças, jovens, adultos, idosos e até mãe e filho morreram na tragédia.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Trágedia em Mimoso do Sul deixou 19 mortos

Entre as 19 vítimas, crianças, idosos, pessoas com deficiência, capixabas que haviam acabado de realizar desejos, como casar na igreja, e outras que falavam com a família minutos antes. Todas impedidas de continuar sonhando devido à chuva, lama e cenário de terror.

A enchente não só causou mortes, mas também deixou casas, pertences e estabelecimentos debaixo d’água e arrastou carros e até uma viatura do Corpo de Bombeiros pela cidade, em uma cena que ficou emblemática.

Veja o vídeo:

Dois dias depois da enxurrada, o que ainda se via pelas ruas eram pilhas de roupas, sapatos, móveis, eletrodomésticos, documentos, brinquedos, cadernos e até remédios.

A tragédia em Mimoso também exigiu resgates complexos. Enquanto 33 pessoas ilhadas precisaram ser resgatadas de helicóptero pelo Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer), um casal de idosos era socorrido de barco.

Estradas estaduais e federais já não eram mais passagens e sim amontoados de terras que desabaram. Pontes e trechos de rodovias que ligavam cidades capixabas a outras e os estados vizinhos ficaram interditadas por horas e até dias após o desastre.

As aulas nas escolas também foram interrompidas e só foram retomadas um mês após a enchente, com auxílio financeiro do governo do Estado para a reconstrução.

Reconstrução e memória em Mimoso do Sul

Para reconstruir a cidade, diversas obras precisaram ser feitas para revitalizar pontes, ruas e edifícios. Segundo o prefeito, hoje o município tem comércios funcionando normalmente e está 100% limpo.

A Defesa Civil municipal também se empenhou para elaborar um plano para reduzir os riscos de novos desastres.

Agora, restam fazer barragens, que já estão sendo planejadas, e as 150 casas que serão construídas e entregues às pessoas que perderam tudo.

Para lembrar as vítimas e o ocorrido, na próxima segunda-feira (24) a Prefeitura de Mimoso vai realizar um ato ecumênico e a inauguração de um monumento na praça da cidade.

O objetivo é que a tragédia em Mimoso, os mortos, pessoas e instituições que ajudaram os sobreviventes do desastre não sejam esquecidos nem pelos mimosenses, nem por nenhum capixaba.

Julia Camim Editora de Política
Editora de Política
Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico