Você sabe quais são as próximas tendências no agro?
No ano passado, observou-se o impacto da pandemia sobre toda a economia brasileira, com o encolhimento de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na mesma tendência, diversos setores sofreram com aumento de custos de alguns itens específicos, mas um produto que chamou atenção foi o papelão. O preço subiu acentuadamente e a sua falta prejudica o andamento de setores da economia. Afinal, o transporte de insumos e produtos finais dependem da disponibilidade desse bem.
Em números, o preço das aparas de ondulado tipo 2, uma das principais matérias primas para fabricar esse produto, cresceu mais de 160% entre o início de 2020 e março deste ano. Além disso, com a falta de circulação de pessoas em espaços físicos, os catadores encontraram menos papelão para coleta e envio à reciclagem. Isso prejudica na fabricação, pois grande parte da matéria prima vem do que é reciclado.
É nesse cenário que a FBL Embalagens, a primeira fábrica de embalagem de ovos do Espírito Santo, conhecidas como crivos pelos capixabas, se insere. A empresa tem como objetivo atender à demanda local, visto que o estado é o segundo maior produtor de ovos do Brasil, representando 9,5% da produção total, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com sede na Serra, a empresa está localizada a 80 quilômetros do maior polo produtor desse bem no estado, Santa Maria de Jetibá.
Com uma produção de 7,2 mil embalagens por hora, o resultado mensal chega a 4 milhões de crivos por mês. Em parceria com chineses, a empresa buscou adquirir a melhor tecnologia a fim de chegar a melhor qualidade, resistência e acabamento do mercado, buscando também a sustentabilidade, utilizando uma mistura de materiais recicláveis. Os insumos são jornais, caixas de papelão e os rejeitos de celulose das indústrias de papel, sendo essa composição patenteada.
“Para efeitos de comparação, o preço médio da tonelada de papelão era de R$400 a R$500 por tonelada. Hoje, os valores chegam a R$ 2 mil por tonelada. Uma das alternativas foi buscar a importação desse insumo, mas com o dólar e os preços dos fretes em alta, essa alternativa também não se tornou viável”, afirma Luiz Paulo Faustini, Diretor de Produção e Finanças da FBL Embalagens.
Nesse contexto, a FBL precisou procurar novas alternativas para solucionar o problema generalizado do setor. Uma alternativa foi aliar os esforços entre pesquisa científica do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e iniciativa privada. “Estamos procurando uma parceria com o Ifes para, por meio de programas de iniciação científica, podermos trabalhar com alunos e alterarmos a mistura que compõe a nossa embalagem, diminuindo o uso de insumos que sofrem com altas de preços consideráveis nos últimos meses, como o papelão”, destaca.
“Além disso, outro objetivo é conseguir manter a qualidade da nossa embalagem frente às outras opções no mercado. Queremos reduzir os custos, mas sem perder a durabilidade, impermeabilidade e resistência, além de manter as embalagens ambientalmente corretas”, conclui.
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