A agenda climática da China beneficia o agro brasileiro?
O Espírito Santo é referência nacional na produção de cafés conilon e arábica. Hoje, o estado é o segundo maior produtor nacional do grão, colhe 75% do conilon do país e representa 20% da safra mundial, além de ser o terceiro maior produtor de arábica do Brasil. Nesse contexto, mais de 53 mil famílias se beneficiam da geração de renda do setor e cerca de 150 mil empregos diretos e indiretos são gerados, segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Contudo, ainda existem desafios a serem superados pelo setor, com intuito de impulsionar ainda mais o seu crescimento. Por isso, o programa Mundo Business, no quadro Agro Business (AB) conversou com o presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Márcio Cândido Ferreira.
AB: Qual a importância do Palácio do Café na história da cafeicultura?
Márcio: Esse edifício marca um ponto importante para a cafeicultura. Vale ressaltar que esse é o primeiro edifício na Enseada do Suá. Hoje, podemos ver como essa localidade se desenvolveu. Por isso, a cafeicultura é pioneira na economia no ES e também nessa região.
AB: Já são 74 anos de história. Como é para instituição representar o produtor perante toda cadeia de comércio?
Márcio: É um motivo de orgulho. O produtor é a principal razão de estarmos aqui hoje. O ES é um protagonista em todas as áreas do café e é gratificante saber que o trabalho que o CCCV faz em prol da cafeicultura, em busca da melhoria contínua e maior participação dos produtores.
AB: Hoje, o estado é o segundo maior produtor global de conilon, atrás apenas do Vietnã. Por que o ES se destaca tanto na produção mundial?
Márcio: O ES se destaca por ter acreditado no que muitos não acreditaram. Há anos, o conilon era considerado o “patinho feio” da cafeicultura. Hoje, ele é cobiçado, desejado pelo mercado internacional e doméstico, e agrega características positivas ao café consumido nas casas brasileiras.
AB: Quando falamos sobre exigências internacionais, não se pode deixar de falar da sustentabilidade e dos critérios do mercado. Como o cafeicultor capixaba tem lidado com esses desafios?
Márcio: O ES se destaca na sustentabilidade e preservação do meio ambiente, com trabalhos voltados para crescimento da economia local, mantendo o produtor na zona rural com a sua família, crescendo em produtividade e sendo referência por tratar o meio ambiente como bem maior, relacionando-o com a qualidade de vida.
AB: Como está o mercado de exportações a nível ES?
Márcio: O mercado está favorável. Estamos em um ano ímpar para a cafeicultura tanto em termos de preços em níveis recorde, quanto em volume produzido pelo ES, que pode ser recorde neste ano. Mas vale lembrar que o volume grande não significa que teremos preços baixos, pois há um déficit na produção substancial na produção de arábica no Brasil, que será substituído com a qualidade e relevância do ES nos cafés conilon.
AB: Em meio à colheita, quais são as perspectivas para esse ano e para a próxima safra?
Márcio: Essa safra que está chegando está com 50% da colheita concluída e as perspectivas são muito boas em função do preço e da demanda por café. Os preços mostram uma estabilidade com tendência de alta e o produtor tem dosando as vendas, mostrando que há domínio sobre a safra. Isso coloca o ES em um cenário de maior busca por conilon. Por isso, acreditamos que a próxima safra será muito boa. A própria moeda, mesmo com o recuo, tem sinalizado valorização dos preços em reais e as bolsas internacionais, tanto em Nova York quanto em Londres, tem mostrado um interesse cada vez maior pelo nosso café.
Convidamos você leitor, a conhecer mais sobre o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), pois ele representa o setor que é o maior gerador de divisas do agronegócio café, o principal fornecedor da indústria e o que mais absorve e escoa a safra cafeeira. Seus associados possuem larga tradição, sendo o Espírito Santo celeiro de grandes exportadores que figuram entre os maiores do Brasil.
O CCCV também apoia projetos como o de Inclusão Digital “Criança do Café na Escola” em parceria com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) nas cidades cafeeiras e realiza encontros regionais de cafeicultores, além disso, busca constantemente a melhoria da qualidade do café, aumento da produtividade e a disseminação de tecnologias no campo por meio do Cetcaf (Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café).
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória