Afinal, o que o agro produz no Espírito Santo?
No ano passado, a agropecuária se mostrou um dos setores mais resilientes da economia brasileira, crescendo 2% mesmo em meio a pandemia, que provocou fortes quedas na indústria, nos serviços e no resultado geral do PIB. Contudo, esse ano se torna ainda mais desafiador para o setor, dado que a crise hídrica, as geadas e a inflação ao produtor são os desafios apresentados para 2021.
Mas em meio às turbulências, o segmento deve crescer novamente neste ano, em torno de 1,2%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O impacto da estiagem e das geadas sobre as colheitas de produtos agrícolas como o milho e o aumento dos custos de produção na pecuária para produtos como o leite levaram o Ipea a cortar novamente, de 1,7% para 1,2%, sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária em 2021.
Mesmo assim, o setor apresenta forte resistência aos choques, mantendo as projeções de expansão. Além disso, para 2022, o Ipea elevou a expectativa de alta das atividades do campo de 3,3% para 3,4%. As razões para as boas projeções seguem as perspectivas positivas para a soja, cuja produção pode bater um novo recorde, da recuperação do milho, da expectativa de aumento dos abates de bovinos – após dois anos consecutivos de encolhimento – e do avanço da oferta na pecuária suína.
Para 2021, a revisão negativa não foi mais profunda graças as colheitas recorde de soja, com uma expansão de 8,9% em relação ao ano passado, segundo a Conab, de arroz, que avançou 5%, e da tendência de aumento no trigo em 30,8%, segundo o Ministério da Agricultura. As demais culturas de peso na formação do PIB setorial terão queda na produção.
O resultado esperado do Ipea para o PIB do segmento de produtos de origem animal sofreu corte um pouco maior, de 1,8% para 1,2%. O número é resultado da “significativa piora” na estimativa para a produção de leite, segundo o instituto, que passou de um aumento de 3,1%, na projeção anterior, para queda de 0,4% na mais recente em razão das fortes altas de preços para os produtores leiteiros.
A carne bovina, produto com maior participação no valor adicionado no segmento, seguido do leite, continua em queda. Até o fim de 2021, espera-se recuo de 0,9% neste ano. Ainda há baixa oferta de animais para abate, apesar de indícios iniciais de que o ciclo de retenção de fêmeas tenha chegado ao fim.
Por fim, as demais proteínas animais mantêm desempenho positivo no ano. Nesse contexto, destacam-se as produções de suínos e frangos, que devem crescer 8,7% e 6,8% em 2021, respectivamente. As projeções anteriores eram de 7,7% e 3,9%. Os resultados devem-se ao aumento das exportações de carne suína e à substituição do consumo de carne bovina por frango no mercado doméstico. O Ipea passou a projetar crescimento de 1,4% para a produção de ovos, abaixo dos 4,5% divulgados no último levantamento.
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