Acha que vai faltar terra para o agro? Então bora para o espaço!
Como destacamos em colunas anteriores, o café é o produto mais tradicional e relevante do agronegócio capixaba. Ele é o grande gerador de renda para quase 80% dos municípios capixabas. Além disso, o ES é o segundo maior produtor de café do Brasil e o primeiro na produção de café conilon. O estado produz 25% do café brasileiro e, se fosse um país, seria o terceiro maior produtor de café do mundo e o segundo maior na produção de conilon.
Nesse contexto, o mercado cafeeiro encontra-se bem movimentado no ES e no país. Com os preços cada vez mais elevados, o Agro Business conversou com Marcus Magalhães, Presidente do Sindicato dos Corretores de Café do ES (SCCES), que possui mais de 30 anos de atuação nesse mercado.
Stefany: Nos últimos meses percebemos que tudo está ficando cada vez mais caro. E o café não ficou de fora dessa. Mas o que explica esses movimentos?
Marcus: Realmente o café surpreendeu em 2021, em função de alguns fatores como a alta do dólar. Mas nem tudo são flores, houve aumento de custos consideráveis para os produtores. Entramos neste ano com alguns impasses como o problema da bienalidade da safra e secas nas plantações. No meio de 2021, esses fatores adversos se agravaram e o dólar seguiu subindo. O mundo inteiro vê os preços subir.
Stefany: Mas como o produtor foi afetado?
Marcus: Pelo momento que vivemos hoje, não dá para falar que os estão vivendo apenas flores. Se por um lado vivemos aumento de preços, que beneficia os exportadores, os custos também foram pressionados. Então, falar que tem alguém ganhando muito dinheiro hoje no segmento é algo quase que inverídico. Da lavoura a xícara, todos foram prejudicados.
Stefany: Mas como esse impacto se deu em termos de mercado como um todo?
Marcus: Não vivemos em uma ilha. Apesar de sermos o maior país produtor, temos outros que são relevantes no mercado nacional. Colômbia, Vietnã, boa parte da América Central, alguns países da África e a Indonésia também são relevantes. Mas todos eles também vêm sofrendo com o apagão logístico, com a Covid e com as mudanças climáticas. Então o Brasil não está sozinho nesse barco, o mercado global vê aumentos de 305 a 40% nos preços do café. E ainda pode subir mais!
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória