Colômbia deixa de entregar café ao mercado. Mas como isso afeta os produtores do Brasil?
O governo federal vem gastando cada vez menos com a agropecuária nas últimas décadas. Em pelo menos 40 anos, as despesas nesse segmento alcançaram o menor patamar histórico, segundo estudo da área técnica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Além de mudar a mudança nas políticas públicas do setor ao longo do tempo, o levantamento também mostra algumas mudanças ocorridas no agro.
Em 2020, os gastos em políticas de apoio à produção agropecuária como subsídios aos produtores, ações fundiárias e de financiamento do MAPA e suas subsidiárias foram de R$ 15,5 bilhões, a maior parte com equalização de juros do crédito rural. O montante corresponde a 0,4% do total empenhado pela União no exercício, de quase R$ 3,6 trilhões.
Para efeitos de comparação, em 1980, as despesas com a agropecuária representaram 7,5% dos empenhos totais da União, chegando, em valores atualizados, a R$ 32 bilhões. Os desembolsos foram ainda maiores em 1987, quando passaram de R$ 80 bilhões, em valores atualizados, ou quase 12% do empenho total do governo no ano.
Nesse sentido, ao longo desse período, a produtividade e a produção do setor cresceram de forma considerável, o que iniciou uma trajetória de reversão desses gastos. Além disso, com o desenvolvimento do atendimento do setor privado ao agro, com o surgimento de novos serviços financeiros adequados ao setor, o governo abandonou operações de alto risco.
Com a diminuição desses gastos ao longo do tempo, o Brasil encontra-se, em termos de subsídios, em contramão ao que os países mais ricos vivem hoje. Na União Europeia e nos Estados Unidos, o agronegócio é altamente subsidiado, um fator que vem sendo debatido há alguns anos, principalmente na formulação de acordos comerciais que envolvam o Brasil e ambos as potencias.
Nesse sentido, em um cálculo que faz uma correlação entre as despesas com o suporte financeiro aos produtores e o valor bruto da produção, o grau de proteção do agronegócio brasileiro é de 1,1%. Nos Estados Unidos o índice é de 12%, na União Europeia, de 19%, e no Japão, de 41,3%. A média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 13,3%.
Com isso, o agro brasileiro ganha posição de destaque à nível mundial, graças aos resultados em termos de produtividade, com poucos subsídios aportados no setor.
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