Encontro Agro Business pautará tecnologia e inovação em Linhares
A história de hoje começa no ano de 2012, entre mulheres que desejavam ingressar no ramo de cafés especiais e tiveram a primeira oportunidade de realizar um curso de degustação de café. Ao aplicar o curso na prática em suas propriedades, as produtoras da comunidade perceberam o grande potencial que tinha nesse mercado e que a qualificação renderia certificados e novos relacionamentos, mas além disso: oportunidades. Para entender mais sobre essa história, conversamos com a produtora rural Josane Bussoli da Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões, em Afonso Cláudio (ES).
Tudo começou quando com seis agricultoras fizeram o curso de degustação promovido pela Pronova (Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo, hoje integrada a Coopeavi) e perceberam o quão importante era a atuação delas dentro do mercado de café e que se quisessem continuar juntas, pensando em novos projetos, poderiam surgir grandes oportunidades.
Essa união não tinha como objetivo só mais uma renda para essas famílias, mas também mexer com a energia dessas mulheres, incluí-las mais em um ambiente com predomínio masculino e promover que muitas delas descobrissem também novas habilidades.
Após a capacitação, mesmo não sabendo exatamente o caminho que queriam seguir, a turma de mulheres que queriam empreender, iniciaram um processo de formação, capitaneado por Andrea Salemi, ainda na Pronova, e sob a liderança de Jacqueline Uliana Donna, uma das sócias fundadoras da Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil.
Do curso até a formação do núcleo de mulheres, as produtoras começaram a se mobilizar. Elas como mães, donas de casa, agricultoras, mulheres não deixavam de cumprir suas jornadas com uma força exemplar e sempre arrumam um tempinho para se juntarem para reuniões, dinâmicas, cursos e palestras de autoestima. O processo durou cerca de um ano.
“Os encontros eram motivadores e desenvolveram todas as participantes. Com o sucesso inicial, decidimos realizar um evento maior, que nomeamos de “Batom com prosa” para convidar mais mulheres para conhecer o projeto. Com isso, foram oferecidas as capacitações que tivemos contatos para um grupo mais amplo de mulheres interessadas.
No evento, participaram cerca de 114 mulheres, que tiveram contato com a culinária, artesanato e motivação para o empreendedorismo. Ao fim, convidamos todas para participais do grupo inicial de 9 mulheres. Assim, o grupo de empreendedoras de Vila Pontões, que além de serem donas de casa, decidiram criar novas iniciativas dentro do agronegócio” afirmou Josane.
Com o passar do tempo, foram surgindo novas oportunidades para as mulheres de Vila Pontões. Sempre que apareciam festas da comunidade, obras do governo e torneios de futebol, por exemplo, o grupo de mulheres fazia ações para levar os produtores a mais espaços. A partir daí, as mulheres seguiram se motivando para realizar as tarefas. Entendendo que juntas eram mais fortes e isso guiava o movimento.
“Não demorou muito para que as mulheres desejassem ter o próprio espaço para o grupo. Solicitamos um espaço a Prefeitura, em uma unidade de saúde que estava sendo desativada. O pedido foi atendido e o espaço foi cedido. Como éramos apenas um grupo, não havia como formalizar o contrato. Para isso, criamos a associação para efetivarmos a ocupação do local.Por meio da organização desse espaço, com a produção de pães, doces e bolos, instalamos uma estrutura de agroindústria e o Incaper, nosso parceiro, montou o projeto para essa transformação” contou.
A semente encontrou solo fértil e graças aos cuidados de instituições como Incaper, Senar e Sebrae entre outros, hoje as mulheres estão organizadas em uma associação legalmente constituída com sede própria onde recebem treinamento e também compradores.
“Com o tempo, conseguimos inaugurar a sede nova e construir um planejamento estratégico para estruturar a nossa organização. Além disso, ele definia a nossa atuação para conseguirmos comprar novos equipamentos, principalmente para atuarmos na nossa frente de café. A ideia era “agoindustrializar” o café para agregar valor. Não conseguimos equipamentos para a torra, mas obtivemos a estrutura necessária para a degustação. Por meio do trabalho voluntario de degustação de café, conseguimos doações de equipamentos, antes não aproveitados, graças a ajuda da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG)” contou.
Hoje, nesse espaço físico, as mulheres têm os equipamentos de agroindústria, como refrigeradores, fogões e fornos. E além da agroindústria, as mulheres têm espaço de degustação de cafés. Esse trabalho é todo voluntário.
“Temos vários custos para manter o núcleo funcionando e tudo é pago por meio da associação. Para trabalharmos dessa forma, temos um regimento interno. Todo o trabalho feito por meio de produção maior, usamos o dinheiro sobre as vendas para abater os custos e deixamos 10% para a associação. O restante é dividido entre os demais que auxiliaram na produção, por meio de um preço por hora. Neste método, conseguimos gerar dinheiro para a associação.”
Para se manterem funcionando, as mulheres da Vila de pontões também conta com parceiros e verbas públicas, que ajudam na aquisição de equipamento e conhecimento. “Aplicando esses recursos, conseguimos manter a nossa produção e passar para frente os aprendizados para outros produtores.
Isso nos ajuda a divulgar a região e nos motiva a seguir com o trabalho.”
Os resultados desse trabalho? Hoje as cafeicultoras da Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões, em Afonso Cláudio (ES), estão tomando a dianteira na produção de cafés especiais e outros produtos.
Parabéns cafeicultoras, nosso intuito em abrir esse espaço na coluna é para que mais pessoas possam se inspirar na história de vocês e mais grupos surjam para valorizar e transformar nossa agricultura.
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