Sicoob cresce carteira de crédito rural e chega a R$ 900 milhões
Já não é novidade no cenário global a crise no leste europeu, com o acirramento das tensões políticas entre Ucrânia e Rússia. Mas, além do cenário geopolítico, territorial e cultural, a possibilidade de um conflito volta a pressionar as cadeias do agro. Então, como esses movimentos afetam o setor? Quais os impactos sobre os produtores?
Como abordamos em colunas anteriores, as questões geopolíticas no leste europeu já vêm prejudicando o mercado de fertilizantes, principalmente pelas suspeitas de fraudes eleitorais e pelas sanções à Bielorússia. Contudo, o potencial conflito pode agravar ainda mais a situação. Isso porque a Rússia lidera as exportações globais de fertilizantes nitrogenados, é o segundo em embarques de nutrientes derivados do potássio e o terceiro nos fosfatados. Em meio à esteira da crise com a Ucrânia, houve a interdição por dois meses, se estendendo até o começo de abril.
Nesse contexto, o próprio presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, alertou: “o custo para a Rússia será severo. Mas sejamos francos, também haverá custos para nós, na Europa’’.
E esses custos vem justamente em termos de insumos. Uma vez que os fertilizantes são matérias primas base na produção agrícola, o seu encarecimento pode ser transmitido por meio de preços de produtos e alimentos não apenas no Brasil, mas em todo mundo.
Com isso, o mercado que antes tinha expectativa de queda no preço da ureia, agora é tomado pela incerteza. Além da alta do petróleo que encarece os fretes marítimos, há também a possibilidade da Rússia interromper parcialmente ou na íntegra o fornecimento de gás natural (principal matéria-prima para produção de fertilizantes nitrogenados).
O preço da ureia, por exemplo, está 245% mais elevado que no quarto trimestre de 2020, enquanto a rocha fosfática subiu 111%. Antes da crise ucraniana, as autoridades europeias esperavam queda nos preços, mas com o acirramento das tensões, essas expectativas foram desfeitas.
Como a Rússia representa cerca de 23% de todo o fertilizante importado no país, os impactos no mercado de fertilizantes já são sentidos no Brasil, com empresas e cooperativas retirando ofertas de venda e listagem de preços dos fertilizantes.
Nesse contexto, com os custos mais elevados, os produtores devem se preparar para a maior dissipação de custos na cadeia produtiva e os consumidores finais devem se preparar para aumento de preços na ponta. Apesar disso, vale ressaltar que a solução diplomática, agora mais distante segundo as autoridades europeias e norte-americanas, pode redesenhar o mercado de volta para o cenário de recuperação.
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