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Em coletiva, Tereza Cristina, ministra do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) pede tranquilidade e reafirma que oferta do insumo no Brasil está garantida até outubro. Contudo, Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) informou que o país possui estoque de fertilizantes apenas até junho, segundo dados coletados com agentes do mercado. Confira os principais destaques sobre esse assunto.
Atualmente, o Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes e quarto maior consumidor global do insumo. Cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional é importado, em alguns casos como o potássio este número chega a 95%.
A Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes para o mundo, com cerca de US$ 7,0 bilhões exportados no ano de 2020. É também a maior fornecedora do Brasil, com uma representação de US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões importados em 2020.
Se tratando dos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global, e de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global, com participação de 21% das importações no Brasil. No caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, conforme dados do Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Impactos no curto prazo
Apesar do conflito e das sanções impostas à Rússia, o país informou que não foram suspensos os embarques de fertilizantes para o Brasil, mas paralisou as negociações futuras, diante do atual cenário.
“Hoje o mercado de adubos está paralisado. Não se compra, não se vende. Há algumas sanções que foram feitas, mas na parte de fertilizantes a gente ainda não sabe o que pode vir e se virá. Então, temos que ter muita cautela nesse momento. O plano A é buscar outros parceiros” explicou a ministra do MAPA, Tereza Cristina.
O ministério fez questão de ressaltar que o Brasil possui fertilizantes suficientes para o plantio até outubro, e que vem trabalhando desde o ano passado em alternativas para garantir o suprimento no setor, no caso de escassez provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, tendo em pauta também a redução da dependência externa.
“A safra brasileira que acontece neste momento, que é a safrinha, que é a nossa safra maior e que se planta milho, já está acontecendo. O que precisava de fertilizante para ela já chegou, já está com o produtor rural, ela está muito adiantada”, ressalta a ministra para a imprensa.
Mesmo tendo estoque de fertilizantes suficientes para os próximos meses, há preocupação com relação à safra de verão, que ocorre durante o segundo semestre do ano. Ainda assim, o governo tem acompanhado atentamente e dialogado com o setor privado.
“A safra de verão, que será no final de setembro, outubro, é uma preocupação, mas também temos do setor privado a confirmação de que há um estoque de passagem suficiente para chegar até outubro. Nós temos um novo momento, com a invasão”, explica a ministra.
Em nota, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) informou que o país possui estoque de fertilizantes apenas até junho, segundo dados coletados com agentes do mercado. “O Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses”, informa o texto.
Como uma das alternativas, o Brasil tem a opção de buscar novos parceiros comerciais. Segundo a ministra, o Chile pode vir a ser um fornecedor de potássio em maiores volumes para o país. Há também, diversos países no Oriente Médio que produzem ureia. “Nós temos algumas alternativas para suprir essa deficiência que a gente pode vir a ter”, diz.
Outro caminho possível, é a otimização do uso de fertilizantes com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) diante do cenário de possível redução no número de fertilizantes importados pelo Brasil. Houve, inclusive, uma reunião no dia 02/03 entre a ministra e o presidente da Embrapa, Celso Moretti.
“Haverá visitas por várias regiões brasileiras, fazendo uma análise do solo, vendo e fazendo uma indicação para o produtor. Se você usar menos fertilizante, você vai ter a mesma eficiência. Levando e mostrando tecnologia para que a gente possa produzir com eficiência”, disse.
Vale ressaltar que o MAPA vem desenvolvendo desde 2021, a estruturação de um Plano Nacional de Fertilizantes, aliada a Casa Civil e a Secretaria de Assuntos Estratégicos, juntamente da iniciativa privada e entidades ligadas ao agronegócio. O plano está pronto e deve ser apresentado até o fim deste mês.
“Quando chegamos aqui no Ministério, nós vimos a necessidade, que seria uma coisa imperativa, de o Brasil deixar de ser um importador do tamanho das necessidades que hoje ele tem da importação de fertilizantes. Então nós tínhamos que fazer uma política nacional para mudar este quadro”, explica.
“Preocupados com isso, nós fizemos algumas viagens. Estive na Rússia, em novembro, conversando para ver se conseguimos um aumento das cotas de importação atuais. Estive no Irã e mantive conversas por videoconferência com o Canadá”, afirma. A ministra tem viagem marcada para o Canadá nos próximos dias, país que hoje é o maior exportador de potássio do mundo.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória