Commodities (também agrícolas) registram maiores patamares desde 1995
Para a safra que começa daqui a dois meses, as usinas sucroalcooleiras do Brasil já pretendem adotar a fixação dos valores de exportação do produto em meio aos preços em alta nos últimos meses. Nesse contexto, os motivos estão relacionados com o otimismo do ciclo das commodities, em particular do açúcar, e pela alta de custos da produção, que vem pesando no bolso dos produtores e reduziu a margem dos envolvidos na cadeia.
Segundo estimativas da Archer Consulting, até o fim de dezembro de 2021, 52,5% do açúcar a ser exportado na última temporada estavam com os preços travados. O preço médio foi de R$ 2,143 mil por tonelada. Em 2020, a porcentagem fixada era de 69%, por um valor médio de R$ 1,589 mil a tonelada. Segundo o executivo e sócio da Archer Arnaldo Corrêa, cerca de 60% das exportações para esta safra estariam com os preços travados.
Esses movimentos ocorrem em meio a um leve recuo dos preços da commodity no mercado internacional e à relativa valorização do real, o que gerou um apetite pelo hedge, com o objetivo de preservar as margens em meio a custos ainda elevados sobre a cadeia produtiva.
Mas vale lembrar que poucas vezes nos últimos anos os preços do açúcar viveram essa alta atual, de acordo com a consultoria FG/A. Na década passada, em apenas 1% das cotações registradas o valor esteve elevado do que agora.
A busca por essa proteção em relação aos preços é fruto de fatores climáticos que afetam o país e os gargalos logísticos globais. Nesse sentido, mesmo se as chuvas surpreenderem, por exemplo, e a produtividade dos canaviais se elevem, ainda há receio em relação a colheita e à capacidade de entrega.
Outro motivo para a cautela é a perspectiva para o petróleo. Em meio a projeções de que o fóssil passe de US$ 100 o barril, as usinas podem estar querendo deixar uma parcela maior de sua cana descomprometida para migrar para o etanol caso ele recupere sua competitividade no Brasil.
Por fim, o câmbio ainda é mais um fator que influencia na decisão, dado que, historicamente, em anos eleitorais a volatilidade desse indicador é mais elevada e as expectativas de fechamento do câmbio ainda são incertas esse ano, apesar de se enquadrar na faixa de R$ 5,00 a R$ 7,00.
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