Clima deve impactar preços dos alimentos
Que os preços de combustíveis altos atrapalham todos os brasileiros você já sabe, mas quais os impactos para o segmento do agronegócio?
O reajuste anunciado na quinta-feira (10) e que entrou em vigor na sexta-feira (11), aumenta os custos de produção, dado que os combustíveis são insumos importantes para a produção e escoamento de produtos. Confira a resposta desta pergunta.
Os alimentos e commodities estão atingindo recordes de preços. Alterações climáticas que geram perdas e a crise de fertilizantes por conta do conflito Rússia-Ucrânia impactam diretamente os custos de produção agrícola e encarecem os produtos. Agora, com o ajuste nos preços de combustíveis anunciado pela Petrobras, a expectativa é de que os preços continuem a subir.
Isso acontece porque os combustíveis são uma peça importante na produção rural, sendo utilizado em tratores, equipamentos e maquinários que auxiliam os produtores na eficiência de suas culturas. Além disso, o petróleo (matéria prima dos combustíveis) também é utilizado para a produção de fertilizantes, sendo um dos principais insumos necessários para a produção de ureia.
Esses fatores combinados, aliado à incerteza do fornecimento de fertilizantes para as próximas safras, geram inflação nos alimentos e commodities. No entanto, mesmo com o aumento de preços de commodities, como a soja, milho e feijão, não são suficientes para segurar a rentabilidade do produtor rural ante a alta expressiva do diesel, que no ano anterior já havia aumentado os custos operacionais das lavouras citadas, em 17%, 30% e 21% respectivamente.
Com isso, a safra de 2022/2023 fica ainda mais suscetível à pressão do diesel, com expectativas de um crescimento de custos operacionais de 26% na soja, 19% no milho, e 6% no algodão.
A logística agrícola também é afetada. O escoamento da produção rural sofre diretamente com o aumento, visto que com os combustíveis mais caros, o fretador repassa no preço cobrado, os custos do transporte do campo até o consumidor final.
Devido a isso, para o produtor não trabalhar com margens negativas, talvez seja necessário reduzir a área plantada no que se refere a alimentos destinados ao mercado interno. Inclusive, não há certeza se a atual produção nacional de alimentos é capaz de atender a todas as demandas do mercado brasileiro, de modo a ser autossuficiente.
Além disso, com o aumento do diesel e da gasolina, cresce a demanda por biocombustíveis, como o álcool e o etanol, que são derivados das commodities agrícolas, cana-de-açúcar e milho respectivamente. Com isso, há uma pressão inflacionária ainda maior nesses produtos, já que eles estão sendo impactados em duas frentes relacionadas à utilização de combustíveis.
Contudo, a inflação dos alimentos não reflete necessariamente, uma maior margem de lucro para o produtor rural. Como mencionamos anteriormente, os custos de produção e os fretes têm ficado cada vez mais caros, forçando o produtor a aumentar o preço para o consumidor final, para que ele possa manter as margens de lucro atuais.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória