Caramujo-africano afeta produtores do norte do ES
Esta foi uma das diversas informações trazidas por Márcio Cândido, presidente do CCCV, durante sua fala no 2º Encontro Agro Business na cidade de Linhares. A razão deste fato é que o país do sudeste asiático pratica preços em torno de U$ 300 por tonelada abaixo do valor negociado na bolsa de commodities de Londres; confira essa e outras falas na íntegra clicando aqui.
O evento foi uma realização da Apex Partners em parceria com a Rede Vitória, reuniu as principais lideranças do agro estadual e discutiu os impactos da guerra no agronegócio, dividido em 3 painéis de discussão.
Durante o 2º Encontro Agro Business realizado em Linhares, Márcio Cândido, presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória, disse que é balela que os fundos, conforme a crença popular, joguem contra os comerciantes de café. Para ele “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, isto porque ninguém fica comprando eternamente, e o fundo de investimento por natureza surfa na volatilidade do mercado, então quando é hora de virar a mão, assim o faz. “Vivemos épocas de vacas gordas e de vacas magras, e portanto, devemos estar bem posicionados em ambas.”
Cândido também explicitou a importância do café conilon para a cafeicultura mundial, e que hoje em dia os papéis no mundo dos tipos de café, se inverteram. “O conilon é extremamente importante para a cafeicultura mundial. Já foi o tempo em que se perguntava qual o percentual de conilon no blend (de café), a pergunta para a atual safra e a próxima é qual o percentual de arábica no blend. As principais marcas de café no Brasil não tem como ter seu produto na gôndola, se não forem compostos entre 65% a 70% de conilon.” Por conta disso, há um mercado gigantesco para essa variedade, ainda mais porque é proibido a importação deste tipo, o que protege os preços em momentos de volatilidade internacional.
Foi desta forma que Luiz Carlos Bastianello, presidente da Coaabriel, terminou sua fala no Encontro Agro Business. Ele explicou todo o contexto que afetou a agropecuária nos últimos 2 anos. Além da guerra que gerou efeito imediato devido a possibilidade de haver escassez de alguns insumos, o agro estava ainda se recuperando dos aumentos de custos que a pandemia havia causado e também da crise logística enfrentada pelo setor no ano de 2021, onde existia uma dúvida se haveria containers suficientes para o escoamento de toda a produção.
No entanto, em sua visão pessoal, acredita que a guerra dure pouco, mas que o conflito foi suficiente para que causasse temor no mercado e elevasse os preços, porém, ele espera que os preços dos defensivos e fertilizantes sejam normalizados até a próxima safra. Bastianello finalizou com a frase “Não acredito naquele ditado dos homens fortes criam tempos fáceis, tempos fáceis criam homens fracos e por aí vai. No agro somos sempre fortes, e tenho certeza que iremos superar mais essa adversidade”.
Na mesma linha, Octaciano Neto, Head de Agronegócio da EloGroup, destacou a força do agro brasileiro, reforçando que na década de 70 éramos importadores de alimentos e hoje somos o celeiro do mundo, graças a tecnologia. Porém, os avanços biológicos, químicos e mecânicos que ocorreram, não são mais suficientes para enfrentar o próximo desafio: Alimentar 3 bilhões de pessoas até 2050. Essa meta deve ser atingida sem novos desmatamentos, desta forma, buscando uma maneira de aumentar a eficiência da produção nas atuais áreas já plantadas.
Vale destacar que a agricultura brasileira é tão diversa e desigual quanto a sociedade brasileira. Temos 5 milhões de produtores rurais, dos quais 500 mil produtores, produzem 90% de toda a riqueza do campo, e o restante dos 4,5 milhões estão completamente deslocados do jogo. “A diferença entre os 2 grupos se dá no uso da tecnologia, quem soube utilizar no passado, hoje faz parte do primeiro grupo de 500 mil produtores enquanto o restante está fora do jogo”.
Octaciano também disse que mercado de capitais precisa se desenvolver, já que o crédito agrícola público só dá conta de ⅓ da demanda de crédito agrícola do Brasil, os outros 2 terços se dividem em crédito agrícola privado que nem todos têm acesso, e o último se refere às operações de barter, que por mais consagradas que sejam, não têm suas taxas de conversão transparentes, principalmente em meio de um ciclo de alta da taxa Selic, o que pode ocasionar negociações ruins.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória