O Vietnã é hoje mais competitivo no mercado internacional de café que o Brasil
Com aumento de custos de produção, dólar em queda, apagão logístico e o recente conflito na Europa, cafeicultores consideram o atual cenário ‘a tempestade perfeita do café’. Mas 2023 pode guardar boas surpresas. Pelo menos é o que espera Marcus Magalhães, presidente do Sindicato dos Corretores de Café do ES e painelista do 2º Encontro Folha Business. Ao lado de Thiago Orletti, CEO da exportadora Robusta Café e Eduardo Bortolini, CEO da startup ContaCafé, Magalhães detalhou sua visão para a produção de café no Espírito Santo nos próximos anos.
Foi assim que Marcus Magalhães definiu o atual momento vivido pelo cafeicultor: ‘a tempestade perfeita do café’. Os fatores que formam essa tempestade são diversos e não necessariamente são recentes; primeiro houve a pandemia, que gerou aumentou o custo de alguns insumos. Ainda por consequência da pandemia, houve um apagão logístico no ano passado, onde produtores encontraram dificuldades em escoar sua produção.
Também no ano passado o Brasil passou problemas climáticos que impactaram a produção e agora com a guerra, há um fator geopolítico formando as nuvens desta tempestade.
Mais recentemente, meio a um cenário de juros crescentes no Brasil, o real se valorizou frente ao dólar, o que diminui os preços das sacas e consequentemente as margens do produtor de café.
No entanto, Magalhães acredita que o pior já passou. “Temos uma indicação de safra 2023 interessante, onde se não houver influência climática significativa, nosso mercado será capaz de atender a demanda, apesar dos estoques mundiais estarem baixos. O agro não tem característica derrotista, na verdade é o contrário, e gosta de surfar em boas marés”.
No mesmo sentido, Thiago Orletti e afirma guerra Rússia-Ucrânia contribuiu para acentuar os problemas que os cafeicultores já vinham enfrentando em 2021, como as dificuldades na cadeia logística.
Nesse cenário, Orletti destaca ainda que a Rússia compra um volume maior a cada ano que passa “A Rússia importa entre todos os tipos de cafés, 6 milhões de sacas. Em 2018, o Brasil era pouco representativo nesse número, tendo exportado apenas 2 containers. Hoje, já exportamos 350 mil sacas por ano para os russos”, estima.
Nos últimos anos, o parque cafeeiro tem produzido cada vez mais, mas ao mesmo tempo, demandado muitos fertilizantes, o que para Eduardo Bortolini, tende a ser insustentável no longo-prazo, principalmente pelo fato de dependermos da importação desses insumos, e que se originam em sua maioria, dos países envolvidos no atual conflito, gerando volatilidade de preços e aumentando os custos do produtor.
Nesta linha, Eduardo acredita que é hora de voltar o olhar para dentro da porteira. “O olhar agora deve se voltar para a fazenda, com o produtor tentando entender os custos que envolvem sua produção, criar noções de investimento e de fluxo de caixa. Fora da porteira o produtor tem que compreender o mercado no qual está inserido, principalmente o global. Em resumo, o produtor tem que se qualificar mais, para mitigar os riscos.”
Bortolini reforçou a importância do desenvolvimento de novas técnicas de fertilização e um uso mais consciente dos fertilizantes químicos. Para isso, sugeriu uma aliança entre tecnologia e os novos modelos de produção, como forma de contornar a da volatilidade dos preços de fertilizantes no mercado internacional.
Você pode conferir todas as falas, na íntegra. Assista o 2º Encontro Agro Business
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