Apesar de grandes desafios, cafeicultores estão otimistas para a safra de 2023
Embora o cenário pareça positivo, ainda há preocupações, e espaço para melhorias. Logística, burocracia, competitividade internacional são alguns dos pontos que merecem atenção, principalmente em um momento de tensão global e que a fruticultura tem ganhado cada vez mais espaço no ES, já que produtores estão buscando diversificar sua produção para não ficarem sujeitos a volatilidade de preços. No 2º Encontro Agro Business, o painel que debateu os rumos da fruticultura no Espírito Santo reuniu nomes como o produtor de mamão Rodrigo Martins, da UGBP, a produtora rural Fernanda Permanhani e Franco Fiorot, Secretário de Agricultura de Linhares.
Em sua fala durante o evento, Franco Fiorot afirmou que, apesar de o café ainda ser o principal componente do PIB do agronegócio do Espírito Santo, os produtores capixabas têm apostado na diversificação através da produção de frutas.
“A fruticultura desempenha um papel importantíssimo do ponto de vista econômico e social: gera renda, emprego e agrega valor às terras capixabas. Em 2021 a Ceasa movimentou 500 milhões de quilos de alimentos, sendo 42% de frutas, boa parte delas produzidas no Espírito Santo”, explicou o Secretário
Para Fiorot, o Espírito Santo tem um grande potencial para investir no plantio de uma grande variedade de frutas, tanto pela diversidade climática, quanto pela proximidade do campo e dos centros consumidores. Porém, existem grandes desafios, afirmou. “Precisamos de avanços significativos na logística, nas rodovias e na infraestrutura para que nossa fruticultura possa deslanchar.”
A falta de avanços na infraestrutura, já cobra seu preço com o passar do tempo. Apesar da demanda global pela fruta brasileira só aumentar, Rodrigo Martins, CEO da UGBP – uma exportadora de mamão, exemplifica que em 2014, o Brasil exportou 30 mil toneladas de mamão, e 7 anos mais tarde esse número teve um pequeno aumento para 50 mil toneladas.
“Parece muito, mas é pouco, pois há uma demanda global crescente pela fruta brasileira. Em 2021, tivemos receita de U$ 1 bilhão com exportações da fruticultura. O número apesar de ser um recorde, é baixo, uma vez que nosso vizinho, o Chile, atinge esse volume de receita só com a exportação de uvas”, Rodrigo explicita.
Ainda que o conflito tenha afetado os preços e volume de vendas de algumas culturas, não teve impacto nas vendas de mamão. Segundo Rodrigo, o maior desafio tem sido lidar com os custos, que de repente, aumentaram significativamente devido à alta do petróleo, que encarece todos os fretes, e força um repasse de custos no preço do fruto na ponta final.
Na mesma linha de Fiorot, a produtora rural Fernanda Permanhani falou sobre a importância da diversificação através da fruticultura, mas também disse que o momento é de incerteza. “As pessoas estão com medo de investir em novas produções, pois não há projeções confiáveis para o futuro. A preocupação tem sido como vai ficar a questão logística, os pagamentos, e até mesmo a obtenção de recursos, com as recentes mudanças no plano safra”, explica Fernanda.
A fruticultura tem respondido aos efeitos da guerra com uma certa variedade de impactos. Algumas culturas se valorizaram, enquanto outras despencaram de preço. Em qualquer dos cenários, o prejudicado é o produtor rural, que ou trabalha com margens menores e/ou ganha novos competidores dentro do mercado interno.
Este é o caso da banana-nanica, um dos exemplos dados por Fernanda, onde esta foi impactada negativamente pela guerra, devido a suspensão das importações que a Rússia fazia do nosso vizinho, o Equador.
Com isso, a produção equatoriana teve de ser redirecionada, e acabou sendo escoada em grande parte para os países do Mercosul. Isso gerou uma queda nos preços do mercado interno, pois a banana equatoriana é de alta qualidade e gerou uma grande competição entre a produção deles e a banana brasileira.
Apesar da incerteza, Fernanda falou sobre a importância da união dos produtores rurais através de cooperativas, associações e sindicatos, para terem mais força e conseguirem propor soluções para o poder público, dos problemas enfrentados pela classe. Entre as dores, destaca-se os problemas logísticos e as regulamentações que diminuem a competitividade dos produtos brasileiros com países mais desburocratizados e menos regulados.
Assista a todas as falas do 2º Encontro Agro Business, na íntegra
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