Abr 2022
7
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Divergência de estimativas - quem ganha e quem perde com a especulação?

De acordo com o banco holandês Rabobank, em um relatório publicado no dia 23/02, a projeção para a safra de café 2022/2023 é de que sejam produzidas 64 milhões de sacas de 60kg.

Com isso, houve uma redução em relação à estimativa anterior do próprio banco, que projetava 66 milhões de sacas. O relatório ainda detalha em sua projeção, a quantidade de sacas de cada tipo de café: das 64 milhões, 41 milhões serão de café arábica, enquanto as 23 milhões restantes de conilon.

Contudo, estes dados entram em conflito com balanço divulgado em janeiro pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). Segundo a companhia, a projeção é de que tenhamos 55 milhões de sacas neste ano (38 milhões de arábica e 17 milhões de conilon – o que seria um recorde), sendo uma diferença de 8 milhões em relação ao Rabobank.

A divergência nas projeções, prejudicam os produtores rurais que ficam sujeitos à especulação. Isso ocorre porque a precificação das sacas de café, seguem em sua maioria, a lei da oferta e demanda. Quanto maior a oferta do produto, menor seu preço e vice-versa.

Na atual safra, tivemos a oferta do grão prejudicada por diversos fatores. O primeiro deles, são as alterações climáticas que ocorreram ano passado, com períodos de estiagem mais longos que o comum e geadas severas, o que atrapalhou a produtividade dos cafezais. Os aumentos nos preços dos insumos, como combustíveis e energia elétrica, elevou os custos de produção e tiveram alto impacto na renda do produtor, assim como o apagão logístico enfrentado ano passado, com muitos cafeicultores tendo dificuldades em escoar sua produção.

A questão cambial também influencia. Com a desvalorização do dólar, há reflexos imediatos na cadeia de produção cafeeira, já que os defensivos e os fertilizantes são em sua maioria importados e foram comprados num momento de alta do dólar, enquanto agora, os produtores terão que vender suas sacas durante a baixa, o que encurta ainda mais as margens do produtor.

No entanto, historicamente, as projeções da Conab são as que mais se aproximam do resultado realizado. Algumas empresas e agentes do mercado acabam jogando a projeção muito acima do que realmente é palpável, com o intuito de gerar especulação em relação a oferta de café que estará disponível e derrubar os preços, o que é prejudicial para o produtor rural, especialmente, o pequeno.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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