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Assim que o conflito se iniciou, os países ocidentais se movimentaram para tomar uma série de medidas que visavam excluir a Rússia do comércio internacional, através de sanções econômicas e até mesmo o banimento do país do SWIFT – um sistema interbancário mundial, que facilita os pagamentos entre nações. No entanto, conforme dados divulgados pela Secex, mesmo com as medidas em vigor, o Brasil fortaleceu sua relação comercial com a Rússia.
O ES também registrou um fortalecimento dessa relação entre fevereiro e março, entretanto os dados podem ser um poucos preocupantes do ponto de vista do balanço comercial.
Desde que se iniciou a invasão russa na Ucrânia, o comércio brasileiro com os dois países foi impactado. Enquanto para a Ucrânia houve uma interrupção no fluxo, os valores exportados e importados para a Rússia, aumentaram fortemente por conta da alta no preço dos produtos comercializados.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o mês de março registrou um aumento de 54% no valor exportado para a Rússia, com a venda, principalmente, de soja, açúcar e café. As importações brasileiras de produtos russos, também aumentaram em 71%, com a compra de adubos, fertilizantes, carvão e óleos combustíveis.
Por outro lado, as vendas brasileiras para a Ucrânia caíram 59% no mês passado, tendo até mesmo paralisação total de embarques de produtos como a soja. A importação dos produtos ucranianos também recuou em 49%.
O Espírito Santo seguiu a tendência nacional e também teve um aumento de importações muito superior ao aumento de exportações, que embora tenha crescido, seguiu uma linha mais modesta.
Nas importações, tivemos um incrível aumento de 189% entre fevereiro e março, com um volume total de US$ 49,9 milhões de dólares no fechamento do mês passado, número expressivamente maior que os US$ 17,2 milhões em fevereiro. A variação pode ser explicada pelo fato do Estado importar, principalmente, carvão e fertilizantes – dois itens que registraram uma forte valorização desde o início do conflito – sendo os principais responsáveis pelo aumento expressivo no volume.
Embora as exportações para a Rússia também tenham crescido, seu aumento foi modesto, de apenas 2,43%. Por mais que a demanda russa tenha se expandido um pouco, as dificuldades impostas pelas sanções para o pagamento das mercadorias embarcadas, além do fato de que os principais produtos exportados pelo ES, não são itens que apresentaram forte valorização, dois fatores que contribuem para que o número seja bem abaixo das importações.
O volume total ficou em US$ 1,7 milhão no mês de março – maior que os US$ 1,6 milhão de fevereiro – tendo exportado principalmente café, rochas ornamentais e pimenta. Com isso, há um saldo negativo de US$ 48 milhões de dólares na relação comercial entre os capixabas e os russos
O aumento do comércio com a Rússia, ocorre devido a alta generalizada de preços de diversos produtos, o que impulsiona drasticamente o valor total exportado. As importações também foram beneficiadas por outra situação macroeconômica: a queda do dólar, que barateou os custos relacionados ao translado dos produtos, permitindo que um volume maior de produtos sejam importados, visto que agora pesam menos no bolso do importador.
Com o superávit recorde registrado pela Secex em março, houve um aumento da previsão para o saldo comercial em 2022, que saltou de US$ 79,4 bilhões no fim do ano para US$ 111,6 bilhões, que se concretizado, seria um recorde histórico. O recorde atual, foi o superávit de US$ 61,4 bilhões em 2021.
A secretaria também ampliou a projeção para as exportações, que passou de US$ 284,3 bilhões para US$ 348,8 bilhões, assim como a de importações que cresceu de US$ 204,9 bilhões para US$ 237,2 bilhões, refletindo o aumento dos preços dos produtos por conta da Guerra.
Em visita ao Senado, o embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Labetskiy, comentou sobre a atual situação comercial entre Brasil e Rússia na Comissão de Relações Exteriores. Além disso, o embaixador ainda sugeriu o uso do Pix, para driblar as restrições de pagamento vigentes.
Alexey disse que a Rússia trabalha para manter a exportação de fertilizantes ao Brasil, evitando qualquer tipo de restrição comercial. “Estamos abertos a alargar a cooperação entre os países, importando os três tipos de carne. Em contrapartida, estamos abertos a fornecer os fertilizantes de todos os tipos para o Brasil e participar da criação de novos sistemas de logística, distribuição e elaboração dos fertilizantes”, afirmou.
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