Jul 2022
5
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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porStefany Sampaio

Produção concentrada na região das montanhas

A região das montanhas reúne as características ideais para o cultivo. Nela está localizado o Polo de Tangerina, formado por 7 municípios: Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá, Marechal Floriano, Santa Leopoldina, Conceição do Castelo e Muniz Freire. De acordo com o instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), eles concentram mais de 80% da produção.

Nesses municípios, a colheita é iniciada em junho e vai até setembro. “No frio ela demora a chegar mais ao ponto de maturação. Ela fica mais bonita e a baixa temperatura influencia também na coloração da casca e no sabor. A tangerina das montanhas é mais alaranjada, é mais ácida e tem mais açúcar. Misturando, dá aquele sabor gostoso.”, explica o engenheiro agrônomo e coordenador de produção vegetal do Incaper, Marlon Esposti.

Cerca de 30.300 toneladas de tangerinas foram colhidas no estado em 2021, considerando também produtores de outras regiões. Das 53 mil propriedades rurais capixabas dedicadas à produção de frutas, 6.700 produzem tangerinas. Segundo o Incaper, são propriedades pequenas – de aproximadamente 1 hectare ou 10 mil metros quadrados – de base familiar que encontraram no cultivo delas uma importante fonte de renda.

“Por exemplo, em Santa Maria de Jetibá se plantava muito alho, feijão e arroz para subsistência. Mas, com a disponibilidade nos supermercados, houve baixa dessas culturas e começou a diversificação. A fruticultura veio forte, porque em pequenas áreas você consegue ter uma lucratividade muito grande. Hoje, na maioria das propriedades que fazem o cultivo da tangerina, ela é o carro-chefe.” destaca o coordenador.

Ele afirma que o cultivo de tangerinas se mostra vantajoso até mesmo diante da cultura de café. “Você aduba, poda e aplica defensivos nas mesmas épocas. No cultivo de café você consegue tirar R$ 60 mil reais por safra com área plantada de 1 hectare, mas 60% disso é custo. Com a tangerina o faturamento é o mesmo, mas o custo é menor, de 30%. Em termos de rendimento, é preferível o citros.”.

Diversificação para aumentar o faturamento

Desde muito jovem, o agricultor Antônio Francisco Maretto, de 61 anos, produz café em Conceição do Castelo. Mas há 15 anos passou a cultivar também tangerinas do tipo ponkan. “Na época, o café não estava tão valorizado como hoje e aí a gente teve que ter outras coisas pra ajudar na propriedade, então nós diversificamos. A tangerina ajudou muito a melhorar a nossa renda e continua ajudando.

Atualmente, ele possui 2 mil pés abarrotados de tangerinas no pomar, que ocupa espaço do mesmo tamanho que a plantação de café. Nesta safra, Antônio Francisco deve colher aproximadamente 5 mil caixas de tangerinas com mais de 20 quilos cada. Na colheita do ano que vem, ele espera dobrar a produção – já que recentemente adquiriu mais 2500 plantas que ainda estão em fase de desenvolvimento.

“Apesar de o café estar valorizando muito nos últimos meses, a gente não pode desistir da tangerina. Eu investi nela porque é assim: você acabou de colher, colocou no caminhão do atravessador, o dinheiro tá no bolso. Já o café você tem que colher, colocar para secar e até ficar pronto demora muito. Além disso, o custo de produção do café fica mais caro para a gente.”, avalia o agricultor, que recebe orientações da equipe do escritório local do Incaper.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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