Mais de 70 expositores vão participar da maior feira de agronegócios do estado, em São Gabriel da Palha
Na última década, o rebanho de búfalos no Espírito Santo quase dobrou, chegando a 4400 animais em 2020. Cerca de 70% deles estão concentrados em Linhares, no norte do estado. Além da carne dos búfalos, o leite também é aproveitado: agroindústrias do município estão faturando com a produção de queijos e outros derivados
De fácil adaptação, eles são uma ótima alternativa para o aproveitamento do espaço onde os bois não ficariam confortáveis. Os búfalos não se incomodam, por exemplo, com áreas alagadas e pantanosas, mas podem também ser criados em confinamento para o melhor controle do rebanho e o aumento da produtividade.
Essa última foi a opção escolhida pelo pecuarista José Luiz Casati, de Linhares. “Nós temos um confinamento com 80 búfalos. A média de ganho de peso por dia é de 1,6 kg. Tem animal aqui com 16 meses e 17 arrobas, num ponto excepcional para o abate. A arroba está valendo R$ 300. Um búfalo dá R$ 5.100 até R$ 5.500.” destaca.
Além da carne, o pecuarista fatura também com o leite. Casati afirma que com 2 anos de vida, as búfalas já estão prontas para parir e produzir leite. Uma única búfala produz de 8 a 10 litros por dia. Após o processamento, cada litro de leite custa R$ 10. Na comparação, o valor é maior do que o do litro do leite de vaca.
“Uma búfala produz todo dia de 80 a 100 reais de leite. Então é um animal excepcional. Poucos animais são assim. E os búfalos são rústicos: têm pouquíssimas doenças, as vacinas são as mesmas que são aplicadas no boi. As fêmeas se mantêm produtivas por 25 a 26 anos. Poucos animais fazem isso.”, afirma.
Com pouco mais de 3 mil animais em seu território, Linhares concentra 70% das cabeças de búfalo existentes no Espírito Santo. A atividade movimenta as agroindústrias do município, que faturam com a produção de queijos e outros derivados do leite das fêmeas. Uma delas fica na propriedade da família Soeiro.
“Desde a época em que eu nasci, minha mãe já mexia com queijaria. Ela e o meu pai sempre produziram queijo de leite de vaca, mas de uns 12 anos pra cá que eu comecei a criar búfalas de pouquinho em pouquinho e a fazer os produtos derivados.”, conta o pecuarista Djalma Soeiro Sobrinho.
O rendimento surpreende: com 100 litros de leite de búfala é possível produzir 16 quilos de muçarela, quase o dobro do que se consegue fazer com o leite de vaca. Além da muçarela, também são produzidos na propriedade queijo minas, trança, cabacinha, paletinha, manta, doce de leite, entre outras coisas – tudo com leite de búfala.
Os produtos são destinados a nichos de mercado que pagam bem. Levantamentos mostram que esse segmento não foi afetado pela crise econômica. Pelo contrário: o consumo de queijos nobres de leite de búfala cresce 20% ao ano. Os pedidos aumentam e estimulam a produção e os investimentos.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória