Começa nesta quinta-feira (28) a maior feira de agronegócios do estado, em São Gabriel da Palha
O faturamento com a primeira colheita decepcionou, mas Daniela Gurgel e Thiago Delboni não desistiram. Eles apostaram na produção de molhos, conservas e geleias, aumentaram os ganhos e montaram uma agroindústria. Tudo isso sem deixar de lado os cuidados com o meio ambiente. O modelo sustentável ganhou destaque nacional.
Foi em busca de uma vida mais tranquila que eles se mudaram de Vitória para o interior do estado. A chef Daniela Gurgel e o marido Thiago Delbone, que é médico veterinário, foram morar na propriedade da família dele, em Laranja da Terra. Como presente de casamento, ficaram com sete hectares e decidiram plantar bananas.
Mas o resultado não foi o esperado. “Na primeira colheita, nós enchemos duas carretas com caixas de banana. Eu que sou da capital pensei: ‘nossa, tô rica!’. A banana foi vendida por cinco reais a caixa, mas a gente tinha gastado oito na produção de cada caixa. Em vez de ganhar dinheiro, a gente começou a vida devendo.”, lembra Daniela.
Diante do prejuízo, Daniela começou a pensar em alternativas. Então surgiu a ideia de fazer produtos caseiros e o primeiro foi o molho barbecue de banana. As vendas foram um sucesso e a chef convenceu o marido a montar uma agroindústria na propriedade. Em 2018, eles contrataram um crédito rural de R$ 60 mil e montaram a estrutura.
Com o dinheiro, o casal também investiu no plantio de outras frutas e verduras e assim foram surgindo novos produtos. Sempre em busca de novos sabores, Daniela criou, por exemplo, o ketchup de goiaba, o molho de amora com pimenta e o picles de quiabo. Junto com o barbecue de banana, eles são os mais vendidos.
“A gente planta quiabo, mas vendemos muito pouco quiabo. Eu vendo a conserva do quiabo, porque eu tenho um valor agregado. Além disso, eu ganho mais validade. O tempo desde a colheita até chegar na mesa do consumidor é maior e a minha perda é menor. A gente tem trabalhado muito essa ideia com os vizinhos.”, destaca.
Por dia, Daniela e o marido produzem 80 unidades de produtos caseiros. Eles são comercializados na loja aberta recentemente em Laranja da Terra e em mais 13 estabelecimentos comerciais parceiros espalhados pela Grande Vitória e outros municípios. O faturamento com a agroindústria já superou o valor da carta de crédito.
“Cada barbecue que eu vendo é o preço de uma caixa de banana in natura. Hoje meu barbecue no atacado custa 14 reais e me pagam o mesmo numa caixa de banana. Eu uso uma pequena parte das nossas bananas na agroindústria e ganho muito mais beneficiando do que com as vendas de todo o resto da plantação.”, ressalta a chef.
Daniela e o marido utilizam apenas dois dos sete hectares para a produção das frutas e verduras e os pés ficam em meio à vegetação nativa. No restante da propriedade, foi feito o reflorestamento. O modelo de produção ganhou destaque nacional e representou o Espírito Santo entre os vencedores do Prêmio Produtor Rural Sustentável do Sicoob.
“Acho que a premiação foi com base num conjunto. As áreas de reflorestamento que a gente tem na nossa propriedade reforçam nossos pilares de uma cultura mais sustentável, de uma alimentação mais limpa, de uma área mais justa para os dois lados. Não é só extrair da terra, mas devolver o que ela tem nos beneficiado.”, afirma Daniela
Foram inscritos no prêmio 86 projetos de todo o país e 15 foram classificados para a final. Equipes do Sicoob visitaram todos os produtores e avaliaram de perto os modelos de produção. No início de julho, foram divulgados os vencedores numa cerimônia em Brasília, com a presença dos agentes de atendimento das agências parceiras.
“Tenho muito orgulho quando a Daniela e o Thiago falam que o Sicoob é parte de tudo isso. O trabalho que a gente faz aqui na agência é cheio de cuidado, de atenção, a gente tem todo um carinho para atender. Não é um trabalho pequeno. É muito gratificante saber que o nosso trabalho tem resultado, afirma Brunelle Gueller, agente de atendimento da agência de Laranja da Terra.
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