Visitantes participam de experimento com degustação de café durante a Feira de Agronegócios da Cooabriel
O Espírito Santo é o terceiro maior produtor de cacau do Brasil. Os frutos capixabas não se destacam apenas pela quantidade, mas também pela qualidade. A produção de cacaus finos estimula o surgimento de marcas de chocolates de fabricação artesanal no estado. Até quatro anos atrás havia apenas três, agora já são 40.
Em Linhares, no norte do estado, estão concentrados 85% de toda a produção capixaba de cacau. É justamente lá que está localizada a propriedade do cacauicultor Emir Macedo Gomes. A atividade começou com o avô dele e vem passando de geração em geração. Atualmente a família possui 70 mil pés do fruto.
“Estamos na terceira geração do cacau, mantendo a história e a tradição da família. Começou com o meu avô, que passou a paixão para o meu pai e agora eu tô dando continuidade. Estamos indo para a quarta geração. Meu filho se formou em agronomia e agora voltou para ajudar no trabalho”, destaca Emir.
Por muito tempo, a produção foi dedicada somente à venda de amêndoas para grandes indústrias. Mas para aumentar os ganhos, Emir decidiu produzir e terceirizar a produção de derivados de cacau. Na lojinha da propriedade, os visitantes encontram geleia, mel e nibs de cacau, amêndoas caramelizadas e até chocolate.
“Meu chocolate é terceirizado. Fiz uma parceria com uma chocolate maker do Rio Grande do Sul que já ganhou vários prêmios. Ela compra o meu cacau para fazer o chocolate dela e aproveita e faz o meu também. Eu pago o serviço com o próprio cacau. É um bom negócio para a fábrica e bom para mim”, explica o cacauicultor.
A marca de chocolates de Emir surgiu em 2018 e foi uma das 3 primeiras de fabricação artesanal do Espírito Santo. Desde então, elas vêm se multiplicando: há 40 marcas atualmente no estado. O salto pode ser explicado pela mudança no comportamento do consumidor, em busca de mais qualidade.
“Como aconteceu com o vinho e com a cerveja, está acontecendo com o chocolate. O consumidor está entendendo que vai pagar mais caro, mas em comparação ele vai receber um produto mais saboroso e mais saudável. É um nicho ainda pequeno, mas está crescendo muito e tem um mercado garantido”, afirma Emir.
As marcas existentes no estado pertencem, em sua maioria, a empreendedores que não produzem, mas adquirem e processam as amêndoas. E para produzir chocolates de qualidade – com alto teor de cacau – elas buscam amêndoas de qualidade, que resultam do cuidado no processo de produção de cacaus finos.
“Você só consegue fazer esse chocolate com uma boa matéria prima. Aí já é um fruto selecionado, colhido no tempo certo de maturação, com fermentação controlada e secagem a pleno sol. Todo esse cuidado resulta num produto de melhor qualidade, mais elaborado e mais valorizado.”, explica o cacauicultor.
Na propriedade de Emir, a maior parte da produção ainda é feita de maneira tradicional, sem aqueles cuidados todos, e é voltada para as grandes indústrias de chocolates. Cerca de 20% dos frutos se tornam cacaus finos graças ao tratamento pós-colheita, mas o cacauicultor pretende aumentar em breve para pelo menos 50%.
“Quando você compra um chocolate feito a partir desse cacau, você está valorizando toda a cadeia. Tá ajudando o produtor a manter os empregos nas propriedades rurais, ajudando a preservar o cacau cultivado em consórcio com a mata atlântica, como no nosso caso. Você não compra preço, compra valor”, destaca Emir.
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