Estiagem no Espírito Santo e a alta de insumos agrícolas afetam o dia a dia no campo
Um dos nomes de destaque do agronegócio capixaba, Octaciano Neto, assumiu a diretoria de agro do Grupo Suno, uma holding de empresas com foco em investimentos localizada em São Paulo. Com mais de duas décadas de experiência no setor, ele auxiliará na escalada do SNAG11, o primeiro fundo Fiagro da gestora de investimentos Suno Asset, lançado em parceria com a Boa Safra Sementes. Em conversa com a coluna Agro Business, o ex-secretário de Agricultura do Espírito Santo destaca quais são as expectativas para esta nova posição de liderança.
Octaciano Neto chega para colaborar com as estratégias de atrair e difundir produtos mais rentáveis para os trabalhadores e empresários rurais ao liderar o fundo de investimento do agronegócio da Suno Asset, o SNAG11. O fundo foi lançado no dia 08 de agosto deste ano e foi o primeiro do mercado a atingir 10 mil cotistas em um mês depois da estreia na Bolsa de Valores (B3).
O SNAG é um Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) que tem o objetivo de investir nas cadeias do agronegócio, explorando as atividades imobiliárias e relacionadas à produção do setor. Na prática, o poupador, aquele que tem um dinheiro guardado, vai emprestar para o produtor rural.
“O mercado de crédito agrícola no Brasil sempre foi muito dependente do Plano Safra, subsidiado pelo Governo Federal e operado pelos bancos. O último ano-safra foi de R$ 750 bilhões, o que significa que o Plano Safra não dá conta de atender todo setor do agronegócio. O Fiagro veio para cumprir justamente esse papel de oferecer oportunidade ao produtor rural de crédito com um custo menor do que tem com as operações de barter”, afirmou Octaciano Neto.
O produtor tem algumas formas de financiar uma produção. Tem o Plano Safra, subsidiado pelo Governo Federal, e as operações de barter, onde os insumos e a produção são usados como moeda de troca. No entanto, Octaciano avalia que o barter só funciona onde o mercado de capitais não é bem desenvolvido.
“Não digo que as operações de barter vão acabar. Elas devem perder a relevância e quem vai ocupar esse lugar é o mercado de capitais. Os Fiagros vieram para aproximar o produtor rural do mercado de capitais, como uma fonte de financiamento robusta, mais barata e com menos intermediários na esteira de crédito”, destacou.
O total investido nos Fiagros está no patamar dos R$ 5 bilhões. A expectativa é que em 10 anos o investimento fique em torno de R$250 bilhões, de acordo com Neto.
Segundo ele, o investidor terá a oportunidade de aplicar no agronegócio, o setor que representa 27,4% do PIB nacional. O fundo funciona como uma ponte que aproxima os investidores do produtor rural, da revenda e da agroindústria. “Vamos fortalecer a produção de alimentos no Brasil, ao aproximar esses dois mundos com uma taxa que seja adequada para quem investe e para quem precisa do recurso para investir na produção agrícola”.
Octaciano Neto já ocupou o cargo de secretário de Agricultura do Espírito Santo entre 2015 a 2018 no governo de Paulo Hartung, já presidiu o Conselho de Secretários de Agricultura do Brasil e ocupou posições de destaque em empresas privadas, lidando diretamente com as principais agroindústrias do setor.
Questionado sobre a força do agro capixaba, Neto destacou que é impossível olhar para o agronegócio brasileiro sem focar no Espírito Santo justamente pela vocação do estado no setor. O agronegócio é uma das atividades econômicas mais importantes para os municípios capixabas, sendo responsável por 30% do PIB estadual.
“O SNAG11 quer olhar o Brasil inteiro. Um dos nossos trabalhos é poder originar operações de crédito no mercado de capitais em mais estados do país. Certamente teremos um olhar especial para o Espírito Santo pela própria vocação do estado e a sua expressão no agronegócio nacional”, afirmou Neto.
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