Dez 2022
6
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

Dez 2022
6
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

Análise da cafeicultura com Marcus Magalhães

Agro Business: É certo dizer que vivemos um ano desafiador para a cafeicultura. O primeiro semestre do ano foi cercado de várias incertezas, com reflexos ainda de 2021, e agora vivemos um final de ano um pouco diferente do previsto para alguns produtores. Quais foram os principais destaques do ano?

Marcus Magalhães: Passamos por um ano desafiador. O ano de 2022 começou em um momento de pós-pandemia e foi afetado também pelos conflitos entre Ucrânia e Rússia. Com isso, ficaram muitas perguntas e poucas respostas sobre o mercado.

O mercado voltou a trabalhar com a possibilidade de aumento de taxas de juros tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. No entanto, só a expectativa afetou os mercados globais de forma significativa e a cafeicultura não conseguiu passar ilesa desse tsunami de emoções que todos viveram.

Isso sem contar os problemas climáticos que estamos sofrendo há uns três anos no Espírito Santo e em Minas Gerais (os maiores produtores de café do Brasil). Foram situações inimagináveis com geadas, granizos, ventanias, chuvas em excesso e recentemente no Espírito Santo e no Sul da Bahia esse dilúvio que caiu em algumas cidades. Foi um ano de muito estresse, mas também de muito aprendizado.

Agro Business: Como esses fatores impactam a vida do produtor rural?

MM: Vale lembrar que nós começamos o ano com o café arábica valendo R$ 1.400,00 e o conilon acima de R$ 800,00. Chegou a R$ 520 no segundo semestre e, agora, voltou para R$ 620, ou seja, foi um ano de muita volatilidade. Se o produtor conseguiu surfar a onda e vender quando o preço estava melhor para ele e poder segurar em momento adverso, ele conseguiu terminar o ano bem.

Agro Business: O que podemos esperar deste novo ano que vem pela frente?

MM: Nós estamos terminando o ano de 2022 com o mercado consolidado. É bem provável que em 2023 os preços do conilon e do arábica continuem mais ou menos nos níveis atuais. Estão todos de olho em dois fatores: o clima e a demanda interna e externa.

Fica no ar a pergunta: será que a demanda vai continuar subindo? Com a inflação galopante lá fora, com custos elevados na Europa com energia e a situação salarial brasileira, é preciso saber dosar essa expectativa de produção por demanda para mensurar para onde o mercado vai.

Agro Business: Você esteve no Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), no Rio de Janeiro. O que viu como tendência por lá?

MM: Foi um evento grandioso no qual foi possível perceber que da lavoura à xícara todos estavam sentados na mesa conversando e discutindo os desafios da cafeicultura com consciência dos deveres de casa que precisam ser feitos. O café é e sempre será o ouro verde deste país, mas existem desafios gigantescos pela frente.

Em janeiro começa a nova normatização imposta pelo Governo Federal no que se refere à rotulagem de café e classificação de café torrado e moído, é um desafio gigantesco que o setor vai precisar precificar.

Apesar de todos os desafios, todos estão conscientes dos deveres de casa e estão prontos para trabalhar conjuntamente para solucioná-los. Os grandes gargalos do mercado de café são: desafios produtivos e de demanda.

Agro Business: Tem alguma saída para o produtor neste mercado oscilante do café?

MM: Tem algumas. Independente do que o produtor produz, se é mirtilo ou café, ele tem que saber quanto custa a sua produção. Outro fato interessante é saber diversificar a base. O Espírito Santo inclusive é um case nacional com relação à diversificação agrícola porque tem cacau, pimenta, fruticultura, café, piscicultura, silvicultura, pecuária.  Enquanto uma cultura está ruim, a outra está boa e o produtor não fica refém de uma cultura específica.

Neste quesito o Espírito Santo é um caso de sucesso e está de parabéns. O produtor tem que se apegar a isso e sempre que puder diversificar a base. Fica o recado: se trabalhar com café, busque os cafés especiais, agregue valor à sua produção porque só assim traz riqueza ao campo e faz um Espírito Santo diferente.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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