O município de São Mateus, no Espírito Santo, é o maior produtor e exportador de pimenta-rosa do mundo e lidera o ranking nacional no cultivo de pimenta-do-reino. Os produtores rurais do município estão enfrentando problemas com as fortes chuvas que têm atingido a região desde domingo passado. Moradores da região de Córrego Grande, por exemplo, estimam prejuízos que ultrapassam em mais de 15 mil pés de pimenta. As chuvas também contribuíram para a interdição total da BR-101 no km 71,5 em que ocorreu uma erosão na pista. Veja mais.
O município de São Mateus registrou na última segunda-feira o segundo maior acumulado de chuvas do Espírito Santo, com 149.8 milímetros. Também foram registrados deslizamentos na ladeira do Besouro, na Avenida Cricaré e na BR-381 entre São Mateus x Nova Venécia, após o ponto do Bamburral. Além disso, a ponte que dá acesso a Guriri foi interditada porque uma barragem colapsou.
Aline Silva Morais Zanoni, do distrito de Nestor Gomes, tem plantação de pimenta e café. Desde que a chuva intensa começou, viu de perto as suas lavouras serem prejudicadas (a pimenta mais ainda porque é uma planta mais frágil em relação ao café).
“A produção de pimenta não suporta muita água. A planta é resistente, mas não aguenta muito. A gente agradece aos órgãos competentes que estão dando apoio e suporte para o enfrentamento dos prejuízos, mas é uma situação delicada de ver”, disse.
Agora, a preocupação atual de Aline Silva é com a barragem próxima a residência que está com risco de se romper. “Estamos correndo o risco da barragem se romper e a gente perder a reserva de água. Se isso acontecer, vai ficar mais difícil para cuidar do que restou da nossa plantação”.
Arlindo Moreira Ferreira é produtor de pimenta e café da região de Córrego Grande no km 18. Dos 1.000 pés de pimenta de sua propriedade, pelo menos metade de sua produção já está perdida. Vale destacar que o cultivo de café não sofreu tantos impactos. Uma situação parecida aconteceu com um vizinho próximo de Arlindo, que chegou a perder toda produção dos 3.000 pés de pimenta.
O cenário é de tristeza na região. A estimativa é de que a região de Córrego Grande vai ter uma baixa de mais de 15 mil pés de pimenta.
“Estamos contando com o apoio da Prefeitura de São Mateus para poder escoar a água que ainda está acumulada nas nossas propriedades. O volume de água ainda é grande e a terra não consegue absorver o que está acumulado nas lavouras. A pimenta não aguenta muito e acaba morrendo”, disse o produtor.
Segundo ele, ainda é difícil falar em prejuízos financeiros e materiais, ainda mais quando ele tem vizinhos que estão desesperados e precisando de ajuda psicológica para enfrentar a situação. Se for colocar na ponta do lápis, os prejuízos com a produção giram em torno de 40 mil reais, sem contar o investimento com a plantação.
“Agora, fica a sensação de que as coisas precisam recomeçar. Esperamos que as autoridades nos ajudem a recuperar as lavouras e que arrumem medidas para impedir que a mesma situação aconteça nos próximos anos. Um financiamento com juros baixos ou juros zero seria o ideal para os produtores”.
De acordo com o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Rodolfo Lovo, cerca de 50 barragens já romperam com as fortes chuvas. São Mateus está enfrentando uma situação delicada nesta semana, ao todo, mais de 1.245 pessoas estão desalojadas e 194 desabrigadas.
“Há 14 anos que não chove com essa força e ainda estamos em estado de alerta porque existe previsão de mais chuvas para São Mateus nos próximos dias. Por isso, estamos fazendo uma força-tarefa para atender todos os produtores. Infelizmente, durante as nossas visitas às propriedades, nos deparamos com pessoas muito deprimidas por terem perdidos as suas lavouras”.
“A agricultura é o carro-chefe do município e quando estiar nós vamos tomar todas as medidas necessárias para reconstruir as barragens e as estradas que estão em estado crítico”, explicou Rodolfo Lovo.
O secretário municipal afirma que foram enviados caminhões pipas para realizarem a sucção das águas que estão acumuladas nas ruas, casas e propriedades. E mais de três mil pessoas estão sendo atendidas pela assistência social do município.
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