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A discussão que tomou proporções no cenário nacional ganhou destaque no Espírito Santo após a Associação de Cacauicultores do Espírito Santo (Acau) se posicionar contra a importação do cacau oriundo da Costa do Marfim. A Acau e os seus associados contestam a vigência da Instrução Normativa 125, de março de 2021, emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que flexibilizou o controle sanitário para a importação das amêndoas de cacau. O debate chegou à Assembleia Legislativa (Ales) quando o deputado e presidente da Comissão de Agricultura e Pesca, Lucas Scaramussa, criticou falhas no controle sanitário e na relação comercial na compra do fruto da África.
A instrução normativa suspendeu no país as precauções sanitárias até então em vigor. O produto do país africano chega ao Brasil sem ser submetido ao tratamento com brometo de metila contra pragas e doenças quarentenárias.
André Scampini, diretor executivo da associação, explica que foi preciso apresentar uma reivindicação porque produtores de cacau dos estados brasileiros estão preocupados com a situação, principalmente do Espírito Santo e Bahia.
O receio é justamente pela proximidade com o Porto de Ilhéus, onde desembarcou uma carga com 10 mil toneladas de amêndoas, conforme anunciou a Associação Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC). Apesar da preocupação, não há informações sobre a descoberta de pragas oriundas do cacau na região.
A preocupação de produtores, inclusive de Linhares, é com a hipótese de entrada de mais uma doença que possa comprometer as plantações de cacau. Após o plantio do cacaueiro, ele leva de quatro a cinco anos para florescer e apenas uma parte vai fertilizar e dar frutos. Vale destacar que o município é um dos principais produtores de cacau e representa mais de 70% de toda produção capixaba.
As queixas dos produtores brasileiros contra a importação do cacau da Costa do Marfim não são de hoje. Segundo a Acau, o produto poderia trazer junto ervas daninhas e pragas que não existem no Brasil. A justificativa é que os produtos que estão sendo aplicados na carga africana não tem eficácia comprovada e somente o brometo de metila seria capaz de oferecer a segurança fitossanitária.
“O receio é que pragas quarentenárias que não existem no nosso ecossistema cheguem ao Brasil. Nós, produtores, já sofremos com a vassoura de bruxa que foi deliberadamente inserida nas lavouras de cacau e também existe a doença do cacaueiro Monilíase detectada no Acre”, destacou.
Uma vez instalada nas plantações, a doença causa grandes perdas econômicas porque pode comprometer totalmente a produção, pois ataca diretamente o fruto em qualquer fase do desenvolvimento.
“A abertura de mercado para o cacau vindo de outros continentes é interessante, mas não se pode afrouxar regras de controle sanitários que os próprios produtores brasileiros praticam na hora de exportar o que é colhido aqui. Isso causa um risco enorme de entrada de pragas nas plantações de cacau em todo o Brasil”, explicou o deputado Lucas Scaramussa, que tem defendido o controle sanitário das amêndoas no estado.
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