Semana Santa aquece mercado de peixes do Espírito Santo
Os produtores de café conilon estão preocupados com o ataque de uma praga chamada broca da haste e que está causando prejuízos para as lavouras do Espírito Santo. A broca da haste provoca queda na produtividade e pode comprometer a safra de 2024. O cafeicultor Matheus Cruz percebeu o problema há dois anos, mas acredita que neste ano tem ocorrido com muito mais intensidade nos mais de 51.500 mil pés de conilon plantados em sua propriedade em Itarana.
A colheita deste ano não chegou a ser afetada, mas a safra de 2024 está comprometida. Se não fosse a broca da haste, o produtor acredita que a safra renderia 5 mil sacas de café, mas com o atual cenário a estimativa fica em 1.300 sacas, diminuindo muito a produtividade.
“A produtividade diminui e os custos continuam altos, pois temos que gastar do mesmo jeito com insumos agrícolas. A sensação que fica é de desânimo porque não temos projeção de uma colheita satisfatória, além de faltar esperança porque não têm poucas pessoas querendo nos ajudar”, disse Cruz.
Segundo ele, a broca da haste também já apareceu nos 13 mil pés de café plantados em janeiro de 2022. A primeira colheita, que será feita em 2024, renderia 500 a 600 sacas de cafés maduros, mas a broca da haste está reduzindo as expectativas.
A broca é um besouro marrom bem pequeno, até difícil de ser ver, mas que entra no galho do café para colocar os ovos, afetando diretamente a produção. As plantas atacadas não recebem os nutrientes necessários para se desenvolver adequadamente.
O produtor Rômolo Demuner também detectou o problema em sua lavoura de café conilon em Santa Teresa. Segundo ele, alguns clones são mais suscetíveis do que outros e os primeiros sintomas de broca da haste começaram a surgir no ano passado. Ele acredita que as perdas de produtividade devem ocorrer na safra do ano que vem.
“Eu também atendo produtores da região e tenho visto que muitos também estão enfrentando este problema grave. Infelizmente ainda não existe um produto ou uma solução para resolver esta situação”, ressaltou.
Para minimizar a situação na próxima safra, os técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) orientam os agricultores a retirada dos galhos atacados pelo besouro para evitar que a praga se espalhe ainda mais pelo cafezal.
Durante o programa Agro Business, o engenheiro agrônomo Felipe Ruela Borges explicou que a praga ataca várias culturas, dentre elas, o cacau, o eucalipto e o café. No entanto, ainda não existe um produto específico para o combate.
“O produtor costuma confundir com a broca-do-café por elas serem semelhantes, mas é importante frisar que elas são diferentes. Ainda temos poucos estudos sobre elas e pouco trabalho para levar mais informações para o produtor”, explicou.
Segundo ele, a incidência da broca da haste começa nos meses de fevereiro e março no campo, bem próxima à colheita, e a partir de abril e maio a tendência é de aumentar mais.
O pesquisador do Incaper, Paulo Sérgio Volpi, destaca que existem formas de melhorar a nutrição das plantas por meio do manejo correto da cultura.
“Além do controle, tem clones que são mais suscetíveis. Recomendamos que sejam usados clones que não tenham problemas, mas quando é detectado podemos fazer o controle natural com auxílio de uma tesoura para a retirada das ramas atacadas. Assim, reduz o índice de infestação. Também é possível dar preferência para colocar fogo nos ramos retirados porque assim elimina todas as larvas fêmeas adultas aptas a proliferação”.
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