Rota do Vale do Emboque está prestes a se tornar novo trajeto turístico e deve ganhar uma cervejaria
O início da colheita de café é um momento muito esperado por produtores e pelo mercado cafeeiro como um todo. No Espírito Santo, a safra do conilon deve atrasar em algumas semanas por causa de vários fatores, como o ponto de maturação dos frutos, a extensa estiagem e os períodos com volume de chuva em excesso em 2022. Muitos cafeicultores estimam menor produtividade neste ano. No entanto, apesar dos desafios enfrentados, as expectativas estão altas para uma boa safra da principal atividade agrícola do estado.
Alguns cafeicultores já iniciaram a retirada de grãos de café, mas este cenário ainda não é visto na maioria das lavouras. Os grãos maduros devem surgir a partir de maio em algumas propriedades.
Para o cafeicultor de São Mateus, Carlos Júnio Cesconetti, a colheita deste ano deve começar por volta do dia 1º de maio. No entanto, a data pode variar em uma ou duas semanas, dependendo do ciclo da lavoura.
A propriedade tem 16 hectares, mas cerca de 12 hectares são produtivos, já que há áreas novas em desenvolvimento. A produtividade média nos anos produtivos das lavouras gira em torno de 110 a 120 sacas por hectare em condições normais.
Devido a vários fatores, o produtor estima que a produtividade deste ano deve ser 20% menor do que a produção anterior devido à florada esparsa, que não teve um bom pegamento, e ao fato de as plantas terem sido impactadas no ciclo atual devido à colheita mais tardia do ano passado. Além disso, a escassez de mão de obra na colheita do café é um problema enfrentado não só por ele, mas em toda a região produtora de café.
Segundo ele, as regiões enfrentaram problemas de escassez de mão de obra no ano passado por causa de acontecimentos característicos, como a colheita de pimenta-do-reino na mesma época do café, o que fez com que muitas pessoas optarem por trabalhar na colheita da pimenta.
Outro fator que pode afetar a produção do café conilon em 2023 é a estiagem que afetou muitas propriedades no ano passado. Segundo estimativa da Conab, o Espírito Santo apresentou volume de chuva abaixo da média, principalmente em maio e setembro de 2022, e registros pontuais de ventos fortes e baixas temperaturas, que impactaram algumas lavouras.
Já nos últimos três meses do ano, algumas regiões do estado enfrentaram fortes chuvas e ocorrência de granizo na época da florada, que impactaram as plantações agrícolas. Na época, muitos produtores alegaram prejuízos e preocupações com a produtividade da safra.
Embora a propriedade de Junio não tenha sido afetada por alagamentos, houve impactos por conta do excesso de chuvas e perdas de nutrientes no solo.
A safra deste ano também será menor do que a do ano anterior nas propriedades de Nilson Araújo Barbosa nos municípios de Barra de São Francisco e Vila Pavão. Apesar do regime de chuva ter sido bom entre novembro e janeiro, o período de estiagem prolongado e as altas temperaturas de fevereiro e março influenciaram negativamente na maturação dos grãos, fazendo com que a colheita tenha que ser iniciada apenas a partir de maio.
A previsão de colheita nas propriedades está estimada em 1.400 sacas de café e a comercialização será realizada por cooperativas capixabas. Apesar dos desafios enfrentados pelos produtores, Barbosa acredita que a safra será boa de maneira geral.
No Espírito Santo, a safra deste ano está estimada em 14,5 milhões, apresentando uma queda de 13% em relação ao ano passado, quando a produção foi de 16,7 milhões de sacas.
De acordo com o 1° Levantamento da Safra de Café 2023, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a redução pode ser explicada pelo longo período de estiagem e ano de baixa bienalidade. No Brasil, o cenário é mais otimista.
A primeira estimativa para a colheita de café em 2023 aponta uma produção de 54,94 milhões de sacas no país, um crescimento de 7,9% ante ao ano passado, que fechou em 50,9 milhões de sacas.
Em 2022, a Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) teve faturamento de R$ 1,84 bilhão, o que representa um crescimento de 110% em dois anos. O crescimento acelerado resultou no aumento da recepção de safra em 2,043 milhões de sacas, um aumento de 33% em relação a 2021.
O presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, estima que a safra de conilon deste ano deve apresentar números muito próximos aos registrados na safra anterior.
“Se considerássemos apenas as lavouras que produziram em 2022, poderíamos antever uma quebra significativa na produção. Contudo, é importante considerar que para 2023 nós teremos um acréscimo de 10% em novas lavouras, que não produziram em 2022. Esse índice ajuda a equilibrar os números. Mesmo com a possibilidade de que haja uma ligeira queda na produtividade, esperamos resultados bem próximos à safra anterior”, explicou Bastianello.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória