Granelização: tecnologia no beneficiamento do café

Ao evitar a necessidade do uso de sacas e embalagens, o armazenamento do café a granel ganhou destaque. A partir dessa prática, é possível ampliar a capacidade de armazenagem e otimizar o uso da área física dos armazéns. Desse modo, o resultado é a redução no custo operacional e de mão de obra, o que, na prática, reflete em preços menores aos consumidores finais.

Assim, nos últimos anos, muitas cooperativas, armazéns e exportadoras investiram em projetos para ampliar a capacidade de armazenamento em granéis em busca dessas vantagens. Esses são os benefícios de uma cadeia de produção altamente competitiva como a do café, que busca substituir métodos antigos por inovações que ampliam a produtividade do setor.

O produtor Cirineu Manzoli trabalha com o cultivo do café há mais de 30 anos e tem visto que a técnica da granelização tem sido benéfica em sua propriedade em Vila Valério.

“Desde 2018 eu não preciso mais comprar sacas ou embalagens tradicionais porque tenho mais segurança na armazenagem do produto, além de não precisar contratar tantos profissionais. Antigamente, usava-se quatro pessoas para carregar um caminhão e hoje é possível trabalhar com duas”, explicou Manzoli.

Só para ter uma ideia, com esse sistema há uma redução de quase 70% da mão de obra no beneficiamento do café. Quem opta pela granelização, vê na prática o resultado e quem trabalha com o grão também. Lincon Vieira Cardoso, um dos funcionários da fazenda, destaca que as melhorias beneficiam especialmente no que diz respeito ao deslocamento das sacas de café.

“O caminhão agora possui um elevador que despeja o café diretamente, o que facilita bastante o trabalho. Essas mudanças têm trazido benefícios em termos de praticidade e redução do esforço físico”, explicou.

A granelização é um sistema de armazenagem de café a granel, ou seja, em quantidade maior e sem embalagens. Os armazéns brasileiros de café estão adotando essa tecnologia. No Espírito Santo, a Cooabriel, maior cooperativa de conilon do Brasil, puxou esse movimento para pequenos e médios produtores.

“A gente tinha alguns gargalos nas unidades de armazenagem, principalmente a demora no processamento, recepção e na armazenagem desse café. Nós iniciamos esse processo lá em 2016 e hoje nós temos a recepção de 60% do café que vem do produtor para a cooperativa todo à granel, mas nós temos 100% da armazenagem do café granelizado”, ressaltou Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel.

“Quando esse café vem a granel ou em bag, ele é descarregado com muita rapidez então o produtor principalmente no período de safra onde ele demanda uma necessidade muito grande de estar na propriedade, ele não pode perder tempo na cooperativa. Então ele vem na cooperativa, descarrega o café rapidamente e em pouco tempo está na propriedade de volta”.

Essa é uma alternativa que preserva o estado do grão desde a sua produção na lavoura até o produto final, garantindo mais qualidade na mesa do consumidor.

O café, se não for armazenado corretamente, pode sofrer alterações por troca de umidade com o ambiente, infestação por insetos, além de outros fatores que podem favorecer a contaminação e a deterioração por fungos.

O gerente de armazenagem da Cooabriel, Jonathan Kloss, explica que é possível manter a qualidade do produto por um período maior por evitar a interferência de fatores externos nas amostras de café. “Esse é um fator preponderante que queremos levar para o consumidor, que é um café de qualidade cada vez maior”, disse Kloss.