A cidade de Venda Nova do Imigrante, localizada na região serrana capixaba, recebeu da Comissão de Educação do Senado Federal a confirmação do título de Capital Nacional do Agroturismo. A decisão foi aprovada, mas depende da sanção presidencial para ser oficializada. Desde 2005, o município é reconhecido pela Associação Brasileira de Turismo Rural. Com uma população de mais de 25 mil habitantes, a região se destaca pela produção de produtos artesanais, como bolos, biscoitos, geleias, macarrão, queijos e artesanato. Durante a alta temporada, estima-se que entre 10 e 15 mil turistas circulam por final de semana pela região das montanhas capixabas, que inclui municípios como Domingos Martins e Marechal Floriano.
A rota de Agroturismo em Venda Nova do Imigrante foi validada pelo Ministério do Turismo e pela Universidade Federal Fluminense (UFF) no projeto Experiências do Brasil Rural, que capacita empreendedores para o desenvolvimento do turismo no campo.
Ela abrange cerca de 35 propriedades agrícolas familiares, hotéis e restaurantes, onde os turistas podem provar diversas especiarias e conhecer o processo de fabricação de produtos típicos da região, como cafés especiais, cervejas e biscoitos artesanais, artesanato de tecido, polenta e massas saborizadas.
Entre os atrativos estão vivências típicas do campo, como visitar um sítio e acompanhar a ordenha e a produção de laticínios. Os turistas também têm a oportunidade de conhecer a produção de socol (embutido de carne suína), participar da fabricação caseira de massas e praticar o “colha e pague” de morango.
Além disso, podem passear por parreirais cuja produção é utilizada na elaboração de sucos e vinhos. A região também se destaca pela colheita de lavanda e orquídeas, atividades muito procuradas pelos visitantes.
As celebrações alusivas à colonização italiana também figuram entre as opções de turismo. Em outubro, ocorre a Festa da Polenta, que homenageia o alimento-base dos primeiros imigrantes. O ponto alto do evento é o “tombo da polenta”, quando 1.200 quilos da comida são despejados de uma panela gigante. Já em julho, acontece a Serenata Italiana, momento no qual os moradores saem às ruas cantando canções típicas.
Nos últimos dias, a cidade sediou a RuralturES, um evento que atraiu 40 mil pessoas em quatro dias de programação. A feira movimentou mais de R$ 2,3 milhões apenas no local do evento, sem considerar a ocupação hoteleira e os serviços utilizados pela cadeia produtiva do turismo local e região. Com a participação de 140 empreendedores capixabas, o evento tem como principal objetivo divulgar os produtos locais e proporcionar experiências aos participantes, destacando o potencial do agroturismo de experiência.
A Associação de Desenvolvimento do Agroturismo, liderada por Helina Canal, tem desempenhado um papel fundamental no apoio ao crescimento dessa atividade nos últimos 20 anos. Em 2020, recebeu uma importante conquista: o reconhecimento do Ministério do Turismo.
Helina Canal, presidente da Agrotur, destacou a importância da experiência gastronômica para os visitantes, ressaltando que eles têm a oportunidade de experimentar pratos tradicionais e conhecer o processo de fabricação. “O turista fica curioso com os pratos da região de tanto ter ouvido falar na festa da polenta e nos benefícios que ela traz para a comunidade. Nós mostramos o socol, que já tem a identificação de origem, bem como a experiência de cozinhar o macarrão e produzir geleias dos sabores mais variados possíveis”, disse.
Ainda assim, ela reconhece que há desafios constantes a enfrentar, como a necessidade de repensar e refazer estratégias para manter o turismo em alta. “Não é fácil manter a curva do turismo sempre em alta. Às vezes precisamos repensar e refazer nossas estratégias. Além disso, a questão da mão de obra também é um desafio, já que as famílias muitas vezes precisam trabalhar intensamente em todas as etapas, desde a colheita até a venda dos produtos”, explicou.
Durante os primeiros meses da pandemia da Covid-19, as propriedades da região enfrentaram momentos desafiadores, com uma perda de 70% do faturamento. No entanto, a cidade está vivendo um momento próspero, especialmente na alta temporada, que geralmente ocorre entre maio e outubro. É o que aponta Carla Caliman, que também faz parte da associação.
Um dos atrativos da cidade é o clima mais ameno durante a maior parte do ano. “Muitos turistas chegam na cidade na alta temporada, a rede hoteleira costuma ficar lotada e a procura por restaurantes e comércio aumenta. A pandemia foi um momento que atraiu visitantes que procuravam ter mais contato com a natureza e esse movimento se consolidou”, disse Caliman.
Além disso, o município também recebe gestores de outras cidades do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e outros estados interessados em conhecer as novidades que podem ser adotadas em suas próprias regiões.
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