Transformação digital impulsiona crescimento de tradicional indústria de café capixaba
Conhecido como a capital das especiarias, o município de São Mateus, no Espírito Santo, é o maior produtor e exportador de pimenta-rosa do mundo. Nesta semana, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconheceu e concedeu a concessão de Indicação Geográfica (IG) da pimenta-rosa para a cidade de São Mateus, localizada no norte capixaba. A Associação de Produtores de Aroeira do Espírito Santo (Nativa) e entidades do setor buscavam o reconhecimento desde 2019 para o município. Com essa concessão, o INPI chega a 112 indicações geográficas, sendo 79 indicações de procedência e 33 denominações de origem.
O Espírito Santo é o maior produtor brasileiro de pimenta-rosa, onde ela é explorada em praticamente todos os municípios litorâneos. A produção é voltada principalmente para exportação, sendo consumida em mercados como os da Europa, Ásia e Estados Unidos. Devido à valorização no exterior, a especiaria passou a figurar como um dos principais produtos na pauta de exportação capixaba.
Em 2022, foram exportadas 700 toneladas de pimenta-rosa produzidas em território capixaba. Neste ano, cerca de mil toneladas devem ser embarcadas para fora do país. A colheita da especiaria teve início em abril e, embora esteja quase encerrada, ainda existem alguns locais no noroeste do Espírito Santo que estão finalizando a colheita.
O processo de obtenção da Indicação Geográfica teve início em 2019, com a participação do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Inicialmente, a ideia era obter a indicação geográfica para todo o estado, especialmente para a região litorânea. No entanto, ao longo das discussões e com base em pesquisas em diversos setores, ficou comprovado que São Mateus é o município de destaque na produção da pimenta-rosa.
“A conquista da Indicação Geográfica fortalecerá a associação dos produtores e agregará valor ao produto, permitindo acesso a mercados exigentes, como o europeu”, explicou a coordenadora de Recursos Naturais do Incaper.
O Instituto mantém um banco genético em um fazenda experimental, em Viana, com a finalidade de desenvolver tecnologias para atender demandas específicas da especiaria, como mão de obra na colheita (maquinários e beneficiamento) para melhorar a qualidade do produto final.
A cidade de São Mateus também conta com a presença da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), que atua na produção e exportação de pimenta e destina 70% da sua venda ao exterior.
Erasmo Negris, diretor administrativo da Coopbac, destacou a importância do reconhecimento da indicação geográfica para a cadeia produtiva da pimenta-rosa.
“O reconhecimento traz consolidação e identidade para a atividade agrícola, contribuindo para agregar valor ao produto e abrir novos mercados. A Coopbac tem buscado parcerias com outras entidades e participado de projetos de estruturação e preparação da pimenta-rosa visando o mercado de exportação”, destacou.
No ES, o município de São Mateus se destaca na produção de pimenta-rosa, sendo grande polo de produção e processamento, líder nas técnicas de manejo da espécie. Também é considerado o maior produtor e exportador mundial desde 2012, além de ser reconhecido, em 2020, como capital estadual das especiarias.
A concessão da Indicação Geográfica da pimenta-rosa para São Mateus é um marco importante para a região e contribuirá para fortalecer a atividade agrícola e a cadeia produtiva da especiaria.
Com esse reconhecimento, os produtores locais terão a possibilidade de comprovar a origem e qualidade do produto, o que abrirá portas para mercados internacionais exigentes.
Reginaldo Castro, diretor-presidente da Associação de Produtores de Aroeira do Espírito Santo (Nativa), descreveu o reconhecimento da Indicação Geográfica da pimenta-rosa em São Mateus como “o grande sonho da comunidade” e enfatizou que o objetivo principal é agregar valor à produção e criar um leque de oportunidades não apenas para o produto em si.
Além do selo de qualidade para o produto, Reginaldo mencionou que a associação também trabalha com a produção de sabonetes, pomadas, água floral, repelentes e óleo essencial, destilando o óleo da pimenta-rosa e transformando-o em diversos produtos.
“A associação participa de feiras e tem a intenção de expandir sua presença em outros eventos, levando o conhecimento e os produtos da comunidade. Uma unidade de destilação de óleo foi montada dentro da sede da associação e há também uma lojinha onde é possível adquirir os produtos”, disse.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória