Produtores do ES adotam técnica que aumenta produtividade em até 30% no cultivo do abacaxi
No Espírito Santo, existe o chamado “polo da mexerica”, composto por sete municípios. O cultivo da fruta é feito com mão de obra quase toda familiar, em regiões que variam de 200 a 1.100 metros de altitude. A altitude faz a diferença no momento em que o produtor vai colher a tangerina ou mexerica ponkan, como também é conhecida. Em regiões de maiores altitudes, como Venda Nova do Imigrante, por exemplo, muitos agricultores estão prolongando a colheita até o final de setembro, o que permite comercializá-las por preços acima do habitual.
O cultivo de cítricos, incluindo a mexerica, tem se mostrado um investimento rentável para agricultores capixabas durante a entressafra do café. Em algumas partes do Espírito Santo, a prática de estender a colheita mantém os pomares produtores em épocas atípicas. Devido à alta qualidade das frutas e a escassez do produto nesses meses, os agricultores têm a vantagem de vender as frutas por preços mais elevados.
Encontrar uma lavoura carregada no final de agosto já não é comum. Normalmente, a colheita da tangerina pokan acontece entre maio a julho, mas na fazenda São Lourenço, localizada em Venda Nova do Imigrante a colheita é tardia. A família cultiva a fruta há mais de 40 anos em uma propriedade rural que fica em torno de 1.100 metros de altitude.
Na propriedade de José Rubens Zandonadi a colheita de diferentes variedades de tangerina deve se estender até o final de setembro, quando as últimas frutas atingirem o ponto ideal. As condições climáticas amenas do inverno proporcionam um cenário propício para manter cerca de 4 mil árvores de fruto.
A expectativa de Zandonadi é colher aproximadamente 4 mil caixas. Durante a entressafra, os preços de venda das caixas de 20 quilos dobram, atingindo valores de até R$ 40,00. “A altitude da propriedade confere uma coloração diferenciada à fruta, pois ela permanece no pé por um período mais longo. Durante a entressafra, começamos a colher quando a maioria dos produtores já encerrou sua colheita”, explicou Zandonadi.
No entanto, o produtor alerta para a necessidade de tomar medidas para evitar o aparecimento de doenças fúngicas e complicações durante os períodos chuvosos. Por isso, são adotados diversos métodos para manter a saúde das plantas, incluindo o espaçamento das plantações devido à umidade e a poda adequada das árvores.
“Esse é um dos problemas que a região com maiores altitudes enfrenta. Como nós seguramos o fruto por mais tempo no pé, ele adquire uma coloração mais amarelada. Assim, a mosca da fruta ataca os pés de mexerica”, disse. O combate é feito com defensivos biológicos que são colocados em armadilhas nos pés das plantas.
A mexerica, assim como os demais outros cítricos, é uma fruta não climatérica, ou seja, sua maturação é interrompida após a colheita. Portanto, é crucial identificar o ponto ideal de maturação para garantir a longevidade pós-colheita, facilitar o manuseio e o transporte.
O cultivo da mexerica teve início na década de 80 com a implementação dos primeiros pomares de mexerica ponkan. O “polo da mexerica” abrange sete municípios: Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá, Marechal Floriano, Santa Leopoldina, Conceição do Castelo e Muniz Freire. De acordo com o Incaper, mais de 80% da produção está concentrada nesses municípios.
Em 2022, cerca de 30.936 toneladas foram colhidas, considerando também produtores de outras regiões. Segundo o Incaper, são propriedades pequenas e de base familiar que encontraram no cultivo uma importante fonte de renda.
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