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A utilização da técnica de mulching envolve a cobertura do solo para proteger a plantação e promover melhores resultados nas lavouras, reduzindo também a incidência de pragas e os custos da produção. Produtores rurais, principalmente do norte capixaba, estão utilizando esta técnica para o plantio de abacaxi para aumentar em até 30% a produtividade das lavouras. A técnica é capaz de reduzir os custos em até 50% com energia elétrica, água e irrigação. Uma outra vantagem é que o fruto pode ser colhido fora da safra, sendo uma oportunidade rentável para o produtor rural.
O cultivo de culturas com a lona é indicado para produtores que querem prevenir ervas daninhas, controlar a umidade e a temperatura do solo, evitar danos ocasionados por agentes climáticos e evitar o contato direto dos frutos com o solo.
O projeto de incentivo a plantação do abacaxi em lona está em desenvolvimento em três municípios no norte do Espírito Santo: Boa Esperança, Mucurici e Sooretama.
Quem optou pela técnica foi o produtor Zenildo Valandro do município de Sooretama. Ele conquistou resultados significativos com a adoção dessa técnica. Com uma plantação de 8.000 mil pés de abacaxi, Valandro observou a economia no consumo de água e melhoria na absorção de nutrientes, além de redução no trabalho manual na lavoura.
A pesquisadora do Incaper, Sara Dousseau, afirma que a implementação dessa tecnologia passou por três fases: desenvolvimento, validação pelo produtor a partir dos resultados e capacitação técnica de agricultores, técnicos, extensionistas e estudantes envolvidos com a cultura. Segundo ela, uma das vantagens é a flexibilidade na colheita, que pode ser realizada em momentos estratégicos para o produtor.
“Enquanto o ciclo de cultivo convencional levaria 18 meses, essa técnica reduz o prazo para 14 meses. Isso possibilita que a colheita seja realizada em períodos mais adequados do mercado, resultando em maior retorno financeiro. Por exemplo, durante uma safra tradicional, o abacaxi é vendido por cerca de 70 centavos, mas durante o período estratégico, o valor pode chegar a 3 reais. Isso é feito através de um plano de manejo que envolve o plantio em abril e maio, seguido pela indução floral após 10 meses, resultando na colheita em junho e julho”, explicou Dousseau.
As mudas utilizadas nesse projeto são provenientes da cultivar Pérola, adquiridas em Marataízes, e da Vitória, produzidas na própria fazenda experimental do Incaper.
Apesar de ainda poucos agricultores no Espírito Santo terem adotado essa técnica, os resultados são promissores, pois reduz em 70% a necessidade de capina durante o ciclo de cultivo do abacaxi, e também possibilita uma economia de até 50% no uso de irrigação.
“Além disso, ela contribui para o desenvolvimento uniforme das mudas, uma vez que o abacaxi é plantado sem raiz, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular e resultando em frutos de maior qualidade”, complementou a pesquisadora.
Atualmente, a área de cultivo de abacaxi no Espírito Santo é de aproximadamente 2.246 hectares, com uma produção de 46 milhões de frutos. Essa cultura gera cerca de 9 mil empregos e é principalmente envolvida por agricultores familiares. Os maiores produtores estão localizados em Marataízes, Itapemirim e Presidente Kennedy, e a tendência é de crescimento na produção no norte do estado.
A técnica de mulching também mostra potencial para ser aplicada em outras culturas além do abacaxi. No estado, já foi identificado seu uso bem sucedido no cultivo de mamão e café.
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