Programa inédito pretende dobrar a produção capixaba de leite em 10 anos
Apesar de pouco convencional no Espírito Santo, o cultivo de caju é realidade em algumas propriedades rurais capixabas. Após ter plantios comerciais do fruto em anos anteriores, a produtora rural Vânia Castiglioni tem enfrentado desafios climáticos e ameaças naturais que colocam em risco seu projeto de cultivo de cajueiros no distrito de Itapina, em Colatina. Com uma carreira de 30 anos como pesquisadora na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), onde adquiriu conhecimentos em pesquisa agrícola, Vânia tomou a iniciativa, em 2018, de investir no cultivo de caju após herdar parte da propriedade de seus pais.
Os cajueiros, uma cultura tradicionalmente cultivada no nordeste brasileiro, foram escolhidos por Vânia como uma alternativa que poderia se adaptar melhor às condições climáticas da região.
“Decidi investir no caju para ele suportar melhor as condições climáticas. Com base nos meus conhecimentos da agronomia e minha experiência com pesquisa na Embrapa, bem como na memória afetiva com o caju, iniciei esse projeto arriscado”, afirmou a produtora.
No entanto, sua visão pioneira deu origem a desafios inesperados. A instabilidade climática, como chuvas em excesso e períodos de seca durante o ano, começou a afetar a produção.
“A partir de 2022, começaram a surgir alguns problemas. Uma delas foi a instabilidade climática. Por exemplo, eu nunca vi chover em agosto. Antes o problema na região era com as queimadas nessa época. O mês de agosto deste ano foi atípico e choveu bastante”, ressalta Vânia.
Além disso, uma ameaça inusitada surgiu: papagaios da espécie Chauá, espécie brasileira de papagaio que está ameaçada de extinção. As aves tornaram-se uma séria preocupação para a produtora, pois derrubam os frutos ainda em desenvolvimento.
“O que não está me deixando produzir são os papagaios. Isso não estava no meu plano de negócio. Por causa dos papagaios, infelizmente, desde o ano passado eu não tenho colhido caju”, lamenta Vânia.
Vânia reconhece ter buscado auxílio junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para lidar com a situação, porém, as alternativas são limitadas devido ao status de proteção das aves.
Com um plantio que abrange cerca de 1.800 pés de cajueiro, correspondendo a uma área de 5 hectares, a produtora segue o segundo semestre do ano sem expectativa de desenvolvimento e colheita dos frutos para comercialização.
Segundo dados do IBGE, a safra de caju em 2022 confirmou a retomada do desenvolvimento da cadeia produtiva, com a produção nacional de castanha de caju em 146.603 toneladas. O número é maior que o registrado na safra passada, em que foram produzidas 110.570 toneladas do fruto, ou seja, um aumento de 33% em um ano.
Os três principais estados produtores de castanha de caju representam mais de 92% do total da produção nacional. O Ceará, maior produtor, produziu 95.758 toneladas no ano passado. Em seguida, o Piauí com 21.674 toneladas, e o Rio Grande do Norte, com a produção de 18.169 toneladas.
No Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem acompanhado a cultura do cajueiro desde 2007, por meio de unidades de observação, especialmente no que se refere à qualidade do pedúnculo e da castanha, para atendimento às exigências do mercado.
Os municípios de Pedro Canário e Conceição da Barra se destacam nesse contexto. O plantio de cajueiro no Espírito Santo está concentrado na implantação de agroindústrias para a utilização dos frutos e dos pedúnculos para o processamento da castanha e produção de polpa.
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