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O preço do leite captado em julho e pago aos produtores registrou a terceira queda consecutiva. Pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o valor médio do litro chegou a R$ 2,41 na “Média Brasil” líquida em julho, representando um recuo de 5,69% em relação a junho e de 35% na comparação com julho do ano anterior. No Espírito Santo, a queda foi mais acentuada, com uma redução de 6,73%, levando o preço médio a R$ 2,40 por litro.
O Cepea explica que essa desvalorização do leite nesta época é algo atípico para o setor, já que, historicamente, o que se observa é alta dos preços, por conta da entressafra, uma vez que a produção não é estimulada pelo clima neste período.
Fazem parte da análise os estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e a média de R$ 2,41 representou uma variação mensal de -5,69%. Santa Catarina, por exemplo, registrou uma queda ainda mais acentuada, de 9,19%, levando o preço a R$ 2,26.
Por outro lado, estados que não estão incluídos na “Média Brasil” também enfrentaram variações negativas nos preços do leite. No Espírito Santo, houve uma queda de 6,73%, enquanto o Rio de Janeiro teve um recuo de -2,78%, com um preço médio de R$ 2,46.
A analista do Cepea Natália Grigol ressalta os fatores que fizeram os preços do leite cru caírem, mesmo em época de entressafra.
“Alguns fatores, combinados, têm engendrado o movimento de queda em toda a cadeia produtiva. Vale lembrar que esse movimento de desvalorização do leite nesta época é algo atípico para o setor, já que, historicamente, o que se observa é alta dos preços, em decorrência da entressafra, uma vez que a produção não é estimulada pelo clima neste período. Contudo, em 2023, as cotações seguem se comportando de maneira atípica, diante do consumo enfraquecido, do aumento de importações e da queda nos custos de produção”, explicou.
A pesquisa realizada pelo Cepea com o apoio da OCB mostrou que os preços do leite UHT, do leite em pó (400g) e da muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição no estado de São Paulo caíram 2,1%, 5,9% e 3,7% de junho para julho. Quando comparados com o mesmo período de 2022, esses mesmos derivados se desvalorizaram 35,8%, 23,9% e 36,4%, em termos reais.
O aumento das importações neste ano é um fator que tem elevado a disponibilidade interna de lácteos e pressionado as cotações na cadeia. Ainda que os dados da Secex mostrem que, em julho, as importações caíram 12% em relação a junho, o montante internalizado somou mais de 185 milhões de litros em equivalente leite, expressivos 71% acima do volume importado no mesmo período do ano passado.
Os preços mais competitivos dos lácteos importados em relação aos produtos nacionais seguem viabilizando as importações.
Além disso, é preciso ressaltar que os custos da pecuária leiteira iniciaram este segundo semestre em queda, continuando o movimento baixista observado nos últimos meses. O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 0,41% em julho na “Média Brasil”, influenciado sobretudo pela desvalorização do concentrado, dos adubos e corretivos.
Nos primeiros sete meses do ano, os custos da atividade acumularam baixa de 6,15%, incentivando investimentos na produção, o que tem feito a oferta de leite se recuperar mesmo na entressafra. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou em julho avanço de 4,76% na Média Brasil – a quarta alta consecutiva.
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