Rhopen avança no agronegócio e quer abrir mais três unidades no Centro-Oeste até 2024
O fim da aplicação de defensivos agrícolas por meio de aeronaves, também conhecida como pulverização aérea, está em discussão no Espírito Santo. O Projeto de Lei (PL) 828/2023 deve começar a tramitar na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). A proposta proíbe a aplicação aérea de defensivos agrícolas no Espírito Santo, bem como o uso de mecanismos de controle por meio de aeronaves, inclusive para o controle de doenças causadas por vírus. O tema foi discutido nessa segunda-feira (16) na Ales, após o deputado estadual e presidente da Comissão de Agricultura, Lucas Scaramussa, ser contra a proposta e afirmar que é um retrocesso, prejudicando desde grandes produtores a agricultores familiares.
Por aplicação aérea de defensivos agrícolas entende-se por dispersão, aspersão e pulverização por meio de drones. O projeto de lei também proíbe a utilização de aeronaves para o controle de doenças causadas por vírus em todo o território capixaba.
Uma das justificativas apontadas no projeto de lei é que o método de aplicação é responsável por “despejar grandes quantidades de veneno nas lavouras e contaminar o solo e os corpos d’água, bem como as pessoas que vierem a ser alcançadas pela chuva decorrente dessas águas, acarretando graves problemas de saúde”, disse o projeto.
No entanto, o presidente da Comissão da Agricultura, Lucas Scaramussa, contesta tais afirmações, argumentando que o texto do projeto está equivocado. Ele sustenta que o uso de drones contribui para a saúde dos agricultores familiares.
“Quer dizer então que uma mulher, por exemplo, da agricultura familiar, vai ter que passar a vida usando uma bomba manual, se intoxicar? O drone veio para trazer tecnologia, eficiência, avanço e progresso para o campo. Isso beneficia, é claro que beneficia, a saúde do trabalhador rural”, defendeu o deputado.
Já o doutor em Engenharia Agrícola e especialista em tecnologia de aplicação de defensivos e fertilizantes agrícolas, Edney Leandro da Vitória, ressalta que a aprovação do projeto de lei pode prejudicar o desenvolvimento de algumas culturas cultivadas no Espírito Santo.
“Este projeto traz consequências para os produtores rurais. Os cafeicultores têm adotado a pulverização com drones como uma alternativa eficaz no combate de pragas e doenças, especialmente no caso da ferrugem do café, no combate aos ácaros e outras doenças que ameaçam a cultura cafeeira. Vale destacar que pode trazer prejuízo para o café conilon, por exemplo, porque ele atinge um estágio em que a aplicação manual é inviável devido à densidade das plantas na entrelinha. Nesse contexto, a utilização de drones se mostra altamente bem-vinda”, afirmou o professor.
A aplicação de defensivos agrícolas com drones no Espírito Santo tem aproximadamente cinco anos e começou na cultura do café, expandindo-se posteriormente para outras culturas. Uma pesquisa inédita, na qual o professor Edney participou, demonstrou a eficiência, os desafios e as vantagens do uso de drone para pulverização na cultura do mamão.
A utilização visa reduzir a contaminação do mamão e a exposição dos operadores à substância. Os resultados mais relevantes indicam que é possível reduzir a taxa de aplicação de defensivos agrícolas no mamoeiro em mais de 60%, passando de 600 litros de calda por hectare para 10 a 15 litros de calda por hectare, sem alterar a dose de aplicação.
Segundo o professor, o momento atual requer um diálogo com os parlamentares que assinaram o projeto de lei.
“Representando a academia, a nossa missão é oferecer embasamento técnico que comprove que a pulverização aérea é aliada dos produtores. Com informações de alta qualidade, podemos reverter o cenário e iniciar um diálogo sobre os prejuízos na produção agrícola, sobretudo na cafeicultura. Muitos produtores já usam a tecnologia de drone em suas lavouras”, destacou o professor.
Entidades e profissionais já estão se mobilizando para se opor à aprovação do projeto de lei, uma ação que a coluna Agro Business apoia. E reforça o posicionamento de ser contra um projeto que visa atrapalhar o desenvolvimento do agronegócio capixaba. Seguiremos acompanhando e cobrando um parecer.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória