A produção de leite no Espírito Santo vem diminuindo nos últimos anos, em grande parte devido à baixa produtividade nas fazendas. Como resultado, existe uma capacidade ociosa na indústria de laticínios capixaba, e a produção local não tem sido suficiente para atender à demanda local por produtos lácteos. Segundo o Anuário do Cooperativismo Capixaba, publicado pelo Sistema OCB/ES, as cooperativas no estado também registraram uma queda na captação de leite, tanto em 2021 quanto em 2022. No ano passado, essas organizações, como as cooperativas de laticínios de Alfredo Chaves (Clac), Guaçuí (Colagua), Mimoso do Sul (Colamisul), Nater Coop e Selita, conseguiram coletar 139,7 milhões de litros de leite.
O leite é um dos principais produtos produzidos e industrializados pelas cooperativas capixabas. No último ano, elas captaram 139,7 milhões de litros de leite. Desse total, 85% da produção foi destinada para industrialização própria, 13% foi vendida para indústrias e 2% foi comercializada para outras cooperativas.
Em comparação com os anos anteriores, foi observado uma queda na captação de leite, saindo de 185,7 milhões de litros em 2020 para 158,8 milhões de litros em 2021 e, posteriormente, para 139,7 milhões de litros em 2022. No comparativo com 2021, a queda foi de 12%.
Segundo dados do IBGE, a captação de leite no Espírito Santo em 2022 chegou a 198 milhões de litros, deixando claro que as cooperativas foram responsáveis por 70% de toda a produção capixaba.
De acordo com o economista da Futura, Orlando Caliman, a pecuária leiteira não se recuperou desde a seca ocorrida no final de 2014 e permaneceu em declínio até 2017.
“A redução na captação de leite tem sido um desafio na indústria leiteira desde 2014, quando uma seca impactou a produção e o tamanho do rebanho. Como resultado, houve uma constante queda na produção de leite. Atualmente, o Espírito Santo possui uma capacidade significativa de processamento, porém, não dispõe de leite em quantidade suficiente para abastecer as novas indústrias. Um exemplo disso é a Selita, no sul, que expandiu suas instalações, mas ainda não consegue atender a toda a sua capacidade de produção devido à escassez de leite”, explicou Caliman.
O preço médio do leite praticado em 2022 no mercado capixaba foi de R$ 2,22, representando um aumento de 10% em relação ao preço médio de 2021. Na evolução dos valores pagos aos produtores por litro de leite, os valores variaram entre R$ 1,99 (o menor) e R$ 2,48 (o maior).
Além da produção de leite, as cooperativas de laticínios capixabas complementam seus rendimentos com outras atividades, como a fabricação de ração, supermercados e lojas agropecuárias. No último ano, essas atividades geraram um faturamento de R$ 504,7 milhões com lojas agropecuárias, R$ 185,7 milhões com a fabricação de rações e R$ 42,8 milhões com supermercados.
Para mitigar o déficit na produção leiteira, desde agosto o Espírito Santo conta com um programa inédito para aumentar a produtividade nas fazendas e tornar o estado autossuficiente.
Foram desenvolvidos 17 projetos com cinco eixos estratégicos para cumprir a meta de dobrar a produção diária de leite até 2032.
Atualmente, o estado produz cerca de 1 milhão de litros de leite por dia, gerando um faturamento anual de aproximadamente R$ 727 milhões, envolvendo cerca de dez mil produtores. Essa é a segunda atividade mais presente nas propriedades rurais capixabas, só ficando atrás da produção de café.
O Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia do Leite no Espírito Santo foi lançado pelo governo do estado como uma das estratégias para aumentar a produtividade de leite nas propriedades rurais capixabas e atender a demanda interna.
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