O Espírito Santo deu mais um passo para a criação do Polo de Agricultura Irrigada no norte e noroeste do estado. Este polo será o 11° a ser estabelecido no Brasil e beneficiará 32 cidades capixabas. Na semana passada, Pinheiros recebeu uma oficina que contou com a participação de representantes do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), em parceria com instituições ligadas à agricultura no Espírito Santo. Foram delineados os requisitos para a implantação do polo e elaborada uma carteira de projetos prioritários que serão executados na região.
Cerca de 100 pessoas participaram das atividades, inclusive membros do setor produtivo, como a Associação dos Irrigantes do Espírito Santo, sindicatos rurais e a Federação de Agricultura e Pecuária. Com base nos resultados da oficina, o Departamento de Irrigação da Secretaria Nacional de Segurança Hídrica do Ministério da Integração e de Desenvolvimento Regional tomará as medidas necessárias para o reconhecimento e a instalação do Polo.
Além de abordar os pontos fortes e fracos, com ações de enfrentamento e de indicações de projetos prioritários, a oficina resultou na escolha de 15 integrantes para o grupo gestor do polo, coordenado por Thiago Orletti, presidente da Associação dos Irrigantes do Espírito Santo (Assipes).
Segundo Thiago Orletti, o processo de criação deste polo está avançando em tempo recorde e deve servir como exemplo para todo o Brasil.
“Durante a reunião com os representantes do Departamento de Irrigação, estabelecemos um grupo de trabalho que selecionará cinco projetos prioritários a serem incluídos na carteira de projetos. Este polo se destaca por sua rapidez na criação, desde o primeiro pedido até a publicação. Precisamos identificar os entraves e os gargalos que impedem o crescimento da irrigação, e planejar ações para simplificar questões como infraestrutura, regulamentações de outorga e construções de barragens. No próximo ano, vamos pleitear os projetos para que o polo possa promover melhorias na região”.
“Uma das nossas principais demandas é a falta de estações meteorológicas com tecnologia suficiente para auxiliar os produtores na tomada de decisões. Muitas vezes, recorremos ao ClimaTempo para determinar se podemos ou não irrigar. Além disso, buscamos promover o uso mais sustentável da água”.
Para atingir esse objetivo, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) e a Assipes assinaram um protocolo de intenções para desenvolver um Selo de Certificação de Irrigação Sustentável, incentivando os produtores a adotar práticas de irrigação sustentáveis, promovendo o uso responsável da água e a conservação dos recursos hídricos.
A agricultura irrigada é o termo para denominar áreas agrícolas que utilizam a irrigação em suas atividades. Para isso, utilizam-se métodos, equipamentos e sistemas para fornecer a quantidade necessária de água nas lavouras.
De acordo com Orletti, dos 260 mil hectares irrigados no Espírito Santo, 85% estão localizados na área de abrangência do polo. Além de uma média de crescimento de 3% ao ano, o equivalente a 8 mil hectares por ano. Segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a projeção para o Espírito Santo é de 405 mil hectares irrigados em 2040, sendo 336,8 mil na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
A região é conhecida pela produção significativa de café conilon, se destacando pelo avanço da produtividade e da tecnologia na produção de mudas clonais. Também é relevante a produção de pimenta-do-reino, mamão e laranja, entre outras culturas. Muitas dessas produções são direcionadas para o mercado externo. Além disso, a cultura de soja irrigada já é uma realidade nos municípios de Montanha e Pinheiros, com uma produtividade 50% superior à média nacional.
Os polos de irrigação reconhecidos pelo MIDR no Brasil estão distribuídos nos estados do Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e agora no Espírito Santo.
Integram o Polo de Agricultura Irrigada os seguintes municípios do norte e noroeste do Espírito Santo. Águia Branca, Água Doce do Norte, Alto Rio Novo, Aracruz, Baixo Guandu, Barra de São Francisco, Boa Esperança, Conceição da Barra, Colatina, Ecoporanga, Governador Lindenberg, Itaguaçu, Itarana, Jaguaré, Linhares, Mantenópolis, Marilândia, Montanha, Mucurici, Nova Venécia, Pancas, Pedro Canário, Ponto Belo, Pinheiros, Rio Bananal, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, São Mateus, São Roque do Canaã, Sooretama, Vila Pavão e Vila Valério.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória
