Lideranças debatem em Pedra Azul como o ESG tem transformado a cafeicultura brasileira
Você já ouviu falar de fermentado de cacau? Ou talvez tenha ouvido falar sobre o “vinho de cacau” produzido no Espírito Santo? No norte do estado, em São Mateus, um produtor optou por inovar ao criar bebidas fermentadas, incluindo o fermentado de cacau, além de outras criações com gengibre, cana-de-açúcar e até a exótica pitaya. Antonio Ziviani, filho de imigrantes italianos, cultiva uvas e jabuticabas há anos. Orientado pelo Sebrae/ES e pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), ele recebeu apoio e passou a investir nesse modelo de negócio e produção.
Segundo o produtor Antonio Ziviani, esse é um projeto que ultrapassa gerações. “Em Santa Teresa, eu e meu pai cultivávamos uvas e jabuticabas, produzindo vinho para o consumo familiar. Esse legado é uma tradição de família que não podemos deixar morrer. Na época, vendemos o sítio anterior e adquirimos este. Desde então passei a plantar maracujá, café, além de 850 pés de pimenta-do-reino e 200 pés de uva. Foi um projeto que resgatou a tradição”.
Apesar de enfrentar a seca de 2016, que causou a perda de suas plantações de café, pimentas e uvas, Antonio Ziviani encontrou oportunidades e notou que as jabuticabeiras resistiram à seca e, ao ver as flores da jabuticaba, teve a ideia de criar um fermentado do fruto. Além disso, observou pés de cacau nas proximidades e decidiu experimentar, resultando em uma boa nova forma de renda.
Morgana Gomes, agente local de inovação do Sebrae/ES, foi uma das pessoas que incentivou o produtor a perseguir com o negócio e a inovar. Ela destacou a importância de buscar parcerias no ecossistema de inovação, incluindo o Incaper e o Sebrae, para desenvolver a agroindústria.
“Nós conseguimos contribuir e despertar o desejo de perseverar, de demonstrar resiliência e de explorar um ecossistema de inovação, buscando parceiros valiosos como o Incaper e o Sebrae/ES para impulsionar o desenvolvimento da agroindústria do produtor”, disse Morgana Gomes, agente local do Sebrae.
Antonio Ziviani é conhecido por seu “vinho de cacau”, embora ele preferisse chamá-lo simplesmente de vinho, a bebida é um fermentado. O Ministério da Agricultura reconhece apenas o vinho produzido a partir de uvas.
Para obter um fermentado de cacau de alta qualidade, o produtor recomenda: “É crucial utilizar frutas maduras. É importante colher o cacau no estágio de maturação perfeita, quando o fruto está amarelo e sem interferências, o que resulta em um cacau fino em sua essência”, disse.
O Espírito Santo é o 3º maior produtor brasileiro de cacau, com expressiva produção em 45 municípios capixabas. Dentro do estado, Linhares é o maior produtor e concentra 70,7% da produção estadual. Levantamentos feitos pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), revelam que somente em 2022 o cacau capixaba somou 17.484 toneladas, agregando R$ 134,2 milhões ao agronegócio capixaba.
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