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As temperaturas elevadas que vêm sendo registradas no Espírito Santo e em grande parte do Brasil representam uma ameaça para o cultivo de alimentos e de outros bens vinculados ao agronegócio. A onda de calor extremo pode comprometer o desenvolvimento e reduzir a qualidade de diversos produtos. Como a coluna noticiou, os impactos já foram sentidos na produção de café e especialistas afirmam que o Espírito Santo pode ter até 25% de quebra na safra de conilon. No estado, a fruticultura também tem sentido os impactos com as altas temperaturas. Apesar do clima estar mais ameno, algumas regiões do país, inclusive o Espírito Santo, registraram temperaturas acima da média nas últimas semanas.
As temperaturas máximas diárias são responsáveis pela queda da produção agrícola, uma vez que interferem no desenvolvimento das culturas e plantas. Como a agricultura e o tempo estão diretamente ligados, fatores como a quantidade de chuvas, a temperatura e outros elementos, interferem na produção das lavouras.
O presidente do Sindicato Rural de Jaguaré, Jarbas Nicoli, destaca que as altas temperaturas têm acarretado consequências prejudiciais tanto na fruticultura quanto na cafeicultura.
“Na fruticultura, observamos a ocorrência de abortamento de flores, enquanto na cafeicultura há o registro de queima de folhas novas, além de indícios de abortamento de chumbinhos”, afirmou.
Os prejuízos abrangem diversas culturas na região, com destaque para o café conilon, mamão, maracujá e pimenta-do-reino. A pimenta, embora tenha registrado poucas perdas por floração, apresenta danos como a queima de cachos.
Diante desse cenário, Jarbas Nicoli enfatiza que a principal estratégia para mitigar os impactos do calor excessivo é a irrigação. “Para superar as altas temperaturas, eu não vejo outra solução senão tentar irrigar o máximo possível a lavoura. Estamos alertando os produtores que possuem seguro rural a acionarem o sinistro, comunicando ao banco sobre a possível perda futura, a fim de minimizar os prejuízos”, explicou Jarbas Nicoli.
A coordenadora do escritório do Incaper de Jaguaré, Arieli Altoe, acredita que as altas temperaturas registradas nas últimas semanas têm impactado negativamente a agricultura.
“As condições climáticas adversas afetam o desenvolvimento de diversas culturas, limitando o crescimento e comprometendo o desenvolvimento de flores, frutos e brotos novos. Este desequilíbrio pode ter implicações, como a escaldadura de flores e frutos, bem como o abortamento de flores em culturas como maracujá, banana e mamão”, disse.
Os danos estendem-se à qualidade dos frutos e comprometem diretamente a renda dos produtores. No caso do maracujá, por exemplo, quando o fruto apresenta escaldadura (exposição à luz solar intensa) ele é direcionado para a indústria em vez do mercado de mesa, resultando em perdas financeiras para os produtores devido à desvalorização do produto.
Para minimizar os impactos, Altoe destaca a importância do uso de tecnologias e da adoção de práticas sustentáveis, como a preservação da água, a conservação do solo e o cultivo com maior cobertura vegetal.
“Entre as sugestões estão o manejo adequado da irrigação, a cobertura do solo com branqueamento, a arborização (embora não seja uma prática comum na região), a utilização de quebra-ventos para lidar com ventos fortes e a promoção do cultivo consorciado. Adotar cultivos consorciados, que envolvem o plantio simultâneo de diferentes espécies, pode criar um ambiente mais equilibrado e resistente às variações climáticas”, explicou a técnica.
Conforme a coluna noticiou, até a produção de mamão foi impactada. O calor afetou o metabolismo das plantas e o tamanho dos frutos, contribuindo para o surgimento de manchas fisiológicas. Segundo estimativa da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), os impactos já foram sentidos em 40% das plantações do país.
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