Impulsionada pelo café, exportação do agronegócio capixaba bate recorde e chega a R$ 10,5 bilhões
A previsão da Conab indica um aumento de 15,4% na produção de café no Espírito Santo para a safra 2023/2024, atingindo 15,01 milhões de sacas. Este crescimento é impulsionado por um aumento de 9% na produção de conilon, estimada em 11 milhões de sacas, e um aumento de 38,2% na produção de arábica, alcançando 3,9 milhões de sacas. Apesar das projeções otimistas, os produtores capixabas expressam preocupações devido aos prejuízos causados pelas altas temperaturas e períodos de estiagem. Em dezembro, a cooperativa Cooabriel estimou uma quebra de safra de conilon entre 15% a 25%, especialmente nas regiões norte e nordeste.
A Conab destaca vários fatores que contribuíram para esse aumento na estimativa de produção de café no Espírito Santo, incluindo a adubação das plantas pela maioria dos produtores, uma boa floração influenciada pelas chuvas acima da média em julho e agosto de 2023, e a bienalidade positiva do café arábica.
No entanto, vale ressaltar que esses dados representam a primeira estimativa do ano, com mais três avaliações previstas, sendo a última após a conclusão da colheita, quando os dados finais serão apresentados.
Enquanto a média nacional projeta um crescimento de 5,5% na produção de café, atingindo 58 milhões de sacas, o Espírito Santo se destaca com um crescimento de 15,4%.
Enio Bergoli, secretário de Agricultura do estado, enfatiza que essas projeções iniciais são promissoras, especialmente ao considerar o aumento significativo de 38% na produção de arábica em comparação com o aumento de 4,7% em nível nacional. Para o conilon capixaba, espera-se um aumento de 9%, totalizando 11,1 milhões de sacas.
“Ao analisar os números, é importante considerar que tivemos um clima favorável em muitos aspectos, desde uma florada bem-sucedida até chuvas adequadas de julho a agosto. No entanto, enfrentamos anomalias nas chuvas, com quantidades inferiores ao esperado, e temperaturas muito elevadas de outubro a dezembro, com cerca de quatro a cinco graus acima da média”, explicou Bergoli.
As altas temperaturas podem ter efeitos difíceis de mensurar neste estágio inicial, e Bergoli alerta sobre a possibilidade de quebras de safras, especialmente em algumas regiões que podem enfrentar quebras de até 30% na safra de conilon.
“Os dados preliminares da Conab sugerem um possível aumento na produção, mas é difícil fazer estimativas precisas nesse período. No geral, há perspectivas iniciais de pequenos aumentos na área de produção do conilon e renovação de lavouras. Mas algumas regiões do Espírito Santo podem ter quebra de 30% ou mais na safra de conilon”, complementou Bergoli.
Para a Associação Agricultura Forte, que representa os produtores rurais, as projeções otimistas não condizem com a realidade capixaba. As altas temperaturas, ventos fortes durante a florada e ataques de pragas, como a cochonilha, impactaram negativamente o cultivo e o desenvolvimento das plantas.
“Em determinadas áreas, registramos a presença de ventos intensos durante a florada. Além disso, identificamos ataques de pragas, como a cochonilha, cujo impacto na safra é inevitável. Nossa estimativa aponta para uma quebra de mais de 20% na produção de conilon, uma projeção baseada nas observações diretas nas lavouras. Mesmo com a irrigação em vigor e a recente limitação do uso de água pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), os cultivos não estão apresentando respostas favoráveis às altas temperaturas”, disse Ademar Zanotti, diretor da Agricultura Forte.
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