Jan 2024
28
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Stefany Sampaio
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porStefany Sampaio

O ano foi marcado por um caso atípico da doença da vaca louca, o que fez com que o Brasil precisasse suspender as exportações da carne bovina para o mercado chinês por um mês.

Além disso, ocorreu uma maior cobrança internacional por sustentabilidade e por questões sanitárias, além de queda nas exportações e mais animais sendo abatidos devido ao movimento de descarte de fêmeas, os preços da arroba continuaram em queda ao longo de 2023, se mantendo abaixo dos R$ 200 a maior parte do ano.

Para 2024, especialistas projetam um cenário mais positivo. O vice-presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Nabih Amin, ressalta que a perspectiva é positiva com o retorno da China como grande compradora de carne bovina.

Recentemente, o país chinês enviou para o Brasil especialistas para avaliar plantas frigoríficas para possível habilitação para exportação de carnes bovina, suína e de aves.

“Esse movimento sugere uma retomada em um patamar mais elevado de envios dos nossos produtos para o mercado chinês, o que, por sua vez, implica que frigoríficos aumentaram o abate de animais, resultando em uma maior demanda no mercado internacional e, consequentemente, um aumento na faixa de valor da arroba bovina”, explicou Amin.

Olhando para as perspectivas de 2024, Nabih aponta como uma das grandes preocupações as mudanças climáticas registradas em todo o país. “Existem fatores imprevisíveis, como bloqueios comerciais e questões climáticas, mas no segmento convencional, as perspectivas para 2024 são mais otimistas em comparação com 2023”, acrescentou Nabih Amin.

Já o produtor rural de Montanha, extremo norte do Espírito Santo, Vitor Alves, espera um ano com melhores preços para a pecuária e condições climáticas que favoreçam o setor.

“Esperamos um ano mais promissor em termos de preços em comparação com o ano anterior. Prevemos condições climáticas mais favoráveis, com a redução do El Niño e a chegada do La Niña. A diminuição significativa do número de fêmeas, combinada com o aumento nos abates, resultará em uma oferta menor de animais, contribuindo para a estabilização dos preços. Provavelmente, veremos um aumento gradual na reposição ao longo do ano, mas não tanto na arroba do boi gordo. Tradicionalmente, ocorre essa inversão, onde primeiro o preço do boi gordo aumenta e, em seguida, o valor do bezerro ultrapassa”.

Alves aponta que este será um ano repleto de oportunidades. “Aqueles que estiverem preparados, com pastagens adequadas e um sistema eficiente de reposição na fazenda, têm boas perspectivas de lucrar e melhorar as margens”, ressaltou o produtor Vitor Alves.

O uso de tecnologias na pecuária é visto pelos produtores e especialistas como indispensável nas propriedades rurais.

A adoção de novas tecnologias limitava-se à captação dos dados para realizar análises e relatórios, agora a aplicação vai muito além, com a implementação de softwares, aplicativos e programas automatizados. Alves vê a tecnologia como uma tendência que veio para ficar na pecuária.

“Quem não adotar as inovações tecnológicas está fadado a deixar a pecuária. A partir de agora, a pecuária sem tecnologia é inviável, pois o antigo modelo já está obsoleto. Portanto, é crucial desenvolver estratégias, investir em silagem, aprimorar as práticas de manejo do capim, renovar os pastos e adaptar-se à nova realidade da pecuária, considerando os desafios impostos pelo clima em constante transformação”, enfatizou Vitor Alves.

Especialistas apontam cuidados com os impactos climáticos

O calor intenso que atinge o Brasil tem colocado especialistas em agricultura e pecuária em alerta em todo o Espírito Santo. Os impactos do clima podem trazer graves consequências.

A especialista em Gestão Pecuária, Renata Erler, aponta que o cenário para a pecuária em 2024 se apresenta desafiador, embora ofereça boas oportunidades para aqueles que se organizarem estrategicamente.

“Com o início do novo ano, observou-se uma reação positiva nos preços da arroba do boi, suscitando a expectativa de uma base de preços mais favorável. No entanto, um fator que merece atenção é o impacto do veranico causado pelo El-Niño, prolongando a estiagem de 2023 e resultando em chuvas consideráveis apenas recentemente em muitas regiões”, destacou Erler.

Renata Erler estima que essa condição acarreta em uma redução na disponibilidade de pasto, exigindo cautela por parte dos pecuaristas em relação à lotação do gado para evitar as consequências da seca prevista para 2024.

“Independentemente de sua intensidade, a certeza reside no fato de que todo ano enfrentamos períodos de estiagem. Iniciar esse período com escassez de pasto compromete o desempenho dos animais, podendo resultar em degradação, implicando, assim, em prejuízos duplos para o produtor, tanto no rebanho quanto na terra”, disse Erler.

Por outro lado, ela explica que há uma grande oportunidade para os pecuaristas que se preveniram, cuidando da alimentação dos animais e mantendo os pastos em boas condições. Erler aponta um cenário positivo para os produtores do Espírito Santo.

“Os produtores que possuem reservas financeiras podem se beneficiar comprando reposição a preços vantajosos no início do ano e aproveitando a valorização esperada na virada do ciclo, projetada para 2025. No Espírito Santo, onde encontramos terras férteis, gado de alta qualidade e produtores dedicados, as perspectivas são promissoras. Aqueles que souberem aproveitar as oportunidades certamente colherão os frutos desse cenário desafiador, consolidando ainda mais a força do setor pecuário na região”, ressaltou.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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