Novos hábitos de consumo impulsionam a certificação de cafés de alta qualidade
A riqueza diversificada do agronegócio capixaba, que engloba desde fruticultura a pecuária, e do café aos laticínios, tem sido um dos principais motores da economia local, projetando o Espírito Santo nos mercados nacional e internacional. Este setor representa aproximadamente 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. Neste contexto, destacamos mais cinco empresas de diversos segmentos que se mostram promissoras e que vamos acompanhar em 2024. Esta seleção é uma continuação da matéria publicada na semana anterior, na qual destacamos as empresas Peterfrut, Lipetral, KerOvos, AgroCP e Olam Food Ingredients (OFI).
5 – Usina Paineiras
A história da Usina Paineiras S.A remonta a 1912, quando foi fundada no município de Paineiras, em Itapemirim. Atualmente, ocupa uma extensa área de aproximadamente 12 mil hectares, sendo que cerca de 6,5 mil hectares são destinados à plantação de cana-de-açúcar, além de se dedicar à criação de gado de corte.
A Usina Paineiras desempenhou um papel crucial no primeiro ciclo de industrialização do Espírito Santo. Sua construção pelo governo estadual marcou o início da consolidação de um importante parque industrial na região.
Reconhecida como uma das 100 maiores empresas do Espírito Santo, de acordo com o Anuário da Findes, a Usina Paineiras registrou em 2022 um faturamento expressivo de R$ 170 milhões. Além disso, figura entre as 10 maiores empresas do setor de alimentos e bebidas do estado, ao lado de Kifrango e Frigorífico Cariacica.
4 – Uniaves
Localizada em Castelo, no sul do Espírito Santo, a Uniaves é reconhecida como a maior produtora de frangos do estado. Com uma capacidade de abater 160 mil aves diariamente, a empresa se destaca como uma das principais no processamento de aves e suínos em todo o Brasil.
Estima-se que são produzidas 12.000 toneladas de ração por mês, além de contar com uma rede de 30 parceiros produtores e 200 galpões de produção integrada. Os produtos capixabas são exportados para vários estados brasileiros e para diversos países ao redor do mundo.
Desde 2021, a Uniaves faz parte do grupo Pif Paf Alimentos, uma incorporação que fortaleceu ainda mais sua posição no mercado. Embora o frigorífico Rio Branco Alimentos, proprietário da marca Pif Paf, tenha passado por uma reorganização estrutural, vendendo uma de suas seis plantas, a unidade da Uniaves é considerada uma das mais lucrativas. A aquisição da Uniaves por R$ 300 milhões reflete o potencial e o valor estratégico da empresa.
Classificada em 35º lugar no Anuário da Findes, que destaca as 200 maiores e melhores empresas do Espírito Santo, a Uniaves registrou um faturamento de R$ 629,8 milhões, com um lucro de R$ 66 milhões. A empresa possui o Certificado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), o que a habilita a exportar para o mercado árabe. A tradição da Uniaves em exportar para o Oriente Médio e outros países é respaldada pela sua especialização em frangos halal, um processo de abate que respeita os requisitos islâmicos.
3 – Grupo Alinutri
Desde 1987, o Grupo Alinutri tem sido uma presença marcante no mercado de nutrição animal, operando a partir de Viana, no Espírito Santo. Especializada em nutrição animal, a empresa oferece uma gama de produtos, além de possuir uma loja de fábrica e centro de distribuição próprio.
Originalmente conhecida como Nutriave, a empresa passou por uma reestruturação em 2018 e, desde então, tem mantido um compromisso com a inovação e a expansão. Em 2020, anunciou investimentos significativos, totalizando R$ 30 milhões, para modernizar e expandir suas instalações industriais em Viana.
Como uma das maiores indústrias do município e a principal empregadora da região, o Grupo Alinutri mantém um centro de distribuição e uma fazenda de testes em Guarapari, assim como um centro de pesquisa em Domingos Martins. Seus produtos, destinados à nutrição animal, são comercializados em todo o Brasil, em um mercado que continua a crescer rapidamente. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a produção de rações teve um aumento estimado de 1,5% em 2023, totalizando cerca de 87 milhões de toneladas.
2 – NetZero
A NetZero, fundada em 2021 por Axel Reinaud, Prof. Jean Jouzel, Aimé Njiakin, Olivier Reinaud e Pedro de Figueiredo, tem como missão principal ampliar o uso do biochar, uma das poucas soluções climáticas capazes de remover de forma duradoura o carbono da atmosfera. Além disso, o biochar é uma das poucas soluções agrícolas que permite conciliar produtividade e sustentabilidade.
Desde abril de 2023, a empresa está operando em dois locais: uma fábrica-piloto em escala real em Camarões, e uma fábrica comercial no Brasil. A green tech francesa acelerou sua expansão no Brasil ao anunciar fábricas em Lajinha (MG), Brejetuba (ES) e Machado (MG).
A empresa está investindo R$ 20 milhões na instalação da fábrica de biochar em Brejetuba, com previsão de início das operações para o início de 2024. A escolha da região se deve ao fato de ser uma grande produtora de café. O biochar, visualmente semelhante ao carvão vegetal, é obtido pela extração do carbono contido nos resíduos vegetais, e a tecnologia utilizada promete resolver um problema histórico no Espírito Santo: a destinação da palha do café. Como o segundo maior produtor de café do país, o estado registra uma alta produção desse insumo.
A nova fábrica terá capacidade para produzir anualmente 4.500 toneladas de biochar, permitindo a remoção de mais de 6.500 toneladas equivalentes de CO2 da atmosfera, ao mesmo tempo em que fornecerá um corretivo de solo sustentável para os agricultores locais.
1 – Litho Plant
A Litho Plant, uma indústria capixaba sediada em Linhares, destaca-se por sua produção e distribuição de fertilizantes especiais para diversas culturas em todo o território nacional. Fundada em 2003 por Luciano Rastoldo e mais três sócios, a empresa tem se dedicado ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras destinadas a aprimorar a agricultura, com foco especial na cultura do mamoeiro, alvo principal de suas pesquisas.
Entre essas inovações, destaca-se um produto desenvolvido para a limpeza e higienização de frutas e legumes após a colheita, sem comprometer sua qualidade. Outra tecnologia é conhecida por ser um “protetor solar” para plantas, que reduz a temperatura das folhas em até 5°C. Aplicado por aspersão nas folhas, atua como uma barreira protetora contra queimaduras e danos causados pelo calor excessivo, preservando a saúde das plantas e a qualidade dos frutos.
Recentemente, a empresa obteve três registros de biofertilizantes: compostos por substâncias húmicas, de algas e aminoácidos. Atualmente, encontra-se em processo de análise para aquisição do registro de extratos de vegetais. Um dos objetivos principais da Litho Plant é obter as quatro certificações disponíveis, tornando-se a primeira empresa brasileira a obter todos os registros.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória