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O impacto do fenômeno climático El Niño na produção de hortaliças e frutas tem sido evidente nos últimos meses no Brasil. Segundo o Cepea, a intensidade moderada do El Niño resultou em efeitos particularmente severos no final de 2023. O Sul do país foi atingido por chuvas volumosas, principalmente entre setembro e novembro, afetando negativamente a produção de hortaliças. Enquanto isso, o Nordeste teve um período de tempo firme, o que favoreceu a produção e a qualidade das frutas, embora tenha levantado preocupações sobre os níveis dos reservatórios. No Sudeste e Centro-Oeste, foram registradas temperaturas recordes entre novembro e dezembro, com os efeitos do El Niño não tão claros e influenciados por outros eventos climáticos.
No entanto, desde janeiro de 2024, o fenômeno começou a enfraquecer e demonstrar um comportamento inverso em todas as regiões do Brasil, com previsão de persistir até agosto.
Fábio Marin, especialista em agrometeorologia e modelagem agrícola, prevê que, embora ainda ocorram chuvas acima da média em fevereiro, os meses de março e abril apresentarão um período mais seco.
“Apesar de termos um El Niño se enfraquecendo, ele persistirá, permitindo a manutenção de temperaturas elevadas. Os meses de junho e julho serão de neutralidade climática e, na sequência, já estaremos sob o efeito do La Niña”, conforme prevê Marin.
De acordo com o Cepea, o fenômeno climático El Niño, que se iniciou no ano passado, tem contribuído para temperaturas mais elevadas em boa parte do Brasil. Isso afetou diretamente o calendário de plantio, a produtividade e a qualidade das frutas e hortaliças e, consequentemente, nos bolsos dos produtores e dos consumidores.
“A intensidade dos impactos do El Niño dependeu do regime de chuvas em determinada região e ciclo da cultura, com efeitos mais marcantes no segundo semestre de 2023. Os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina foram bastante afetados pela má distribuição das chuvas; porém, a partir de janeiro de 2024, o fenômeno vem se enfraquecendo nesses locais. Já no Centro-Oeste, voltou a chover com regularidade no primeiro mês deste ano, trazendo alívio para produtores”, segundo nota publicada na revista Hortifruti Brasil.
Os efeitos do El Niño na produção de hortaliças durante o verão de 2023/24 foram diversos:
Para o tomate, as chuvas entre setembro e novembro de 2023 prejudicaram as primeiras áreas cultivadas no Rio Grande do Sul, afetando qualidade e produtividade, mas o clima mais seco a partir de dezembro trouxe melhorias. Nas demais regiões sulistas e no Sudeste, as chuvas no início dos plantios afetaram ligeiramente a qualidade e produtividade, mas o clima mais seco posteriormente favoreceu o desenvolvimento da cultura.
A batata sofreu com as chuvas no Sul entre setembro e novembro de 2023, prejudicando a produtividade e qualidade das colheitas até janeiro de 2024. Houve atraso no plantio, resultando em menor oferta em janeiro, que deve ser deslocada para fevereiro e uma parte para março. Em Minas Gerais, o clima na maior parte da safra está mais seco, contribuindo com bons resultados no campo.
O mamão enfrentou ondas de calor intensas no Sudeste e Nordeste entre outubro e dezembro de 2023, antecipando a colheita em alguns momentos e prejudicando a qualidade devido ao estresse das plantas. Com esse cenário, há possibilidade de haver um período de “pescoço” nos próximos meses.
Já entre dezembro/23 e janeiro/24, o calor acelerou a maturação em algumas regiões, antecipando a colheita e deixando a fruta com menor calibre e manchada, sobretudo em roças mais afetadas pelo ácaro rajado, que causa a desfolha da planta e deixa a fruta mais exposta ao sol. As precipitações voltaram em janeiro, e foram favoráveis à produção.
Para a alface, o Sudeste foi impactado por precipitações em outubro e novembro, reduzindo a oferta e causando perdas nas roças. No entanto, o clima mais quente e seco no final de dezembro e início de janeiro melhorou a produtividade, enquanto janeiro e fevereiro apresentaram condições adequadas para o desenvolvimento das plantas.
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