Fev 2024
23
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Produção brasileira de café deve avançar, mas ficará aquém do potencial devido aos problemas climáticos

De acordo com o estudo da StoneX, as lavouras da região norte do Espírito Santo, maior produtor de café robusta no Brasil, apresentaram uma condição similar ao observado no sul da Bahia, com áreas impactadas pelo clima e pelo ataque da cochonilha.

Embora o impacto climático tenha sido menos intenso, o ataque da cochonilha foi um pouco mais intenso em algumas microrregiões, principalmente no entorno dos municípios de Pancas, Águia Branca e Marilândia.

Neste contexto, a produtividade média deve avançar em 2024/25, mas ficará aquém do potencial. Além disso, parte do aumento da produção será atribuída ao aumento da área em produção em 2024/25.

As estimativas da StoneX apontam que a produção de café conilon no Espírito Santo atingirá 16,2 milhões de sacas, representando um avanço de 6,6% em relação à safra anterior. A produtividade está estimada em 59 sacas por hectare. Em comparação, na safra 2023/24, a produção foi estimada em 15,1 milhões de sacas, com uma produtividade de 56 sacas por hectare.

Quanto ao café arábica, a safra 2024/25 no Espírito Santo é projetada para produzir 4,1 milhões de sacas, um aumento de 24,9%, com uma produtividade de 30 sacas por hectare. Na safra anterior, foram colhidas 3,3 milhões de sacas, com uma produtividade de 22 sacas por hectare.

O especialista em Inteligência de Mercado da StoneX, Fernando Maximiliano, ressalta que, embora os números indiquem um crescimento, o setor ainda enfrenta desafios significativos. A produção de café conilon já sofreu uma perda de 10% do seu potencial produtivo, apesar do estado possuir capacidade para produzir mais.

“As regiões de café robusta têm passado por grandes mudanças nos últimos anos, e o Espírito Santo foi pioneiro nesse cultivo. O aumento da produtividade e os investimentos em tecnologia por parte dos produtores são inegáveis. Este é um momento de expansão de área do conilon no Brasil. Este é um momento promissor para a cafeicultura capixaba, o que está presenciando um cenário de expansão das áreas de cultivo e aumento da produtividade. No entanto, em 2024, ainda estamos aquém do nosso potencial máximo de produção”, explicou Maximiliano.

Para 2024/25, a projeção da produção brasileira de café aponta para um aumento de 4,2%, atingindo um total de 67 milhões de sacas. Dessa quantidade, estima-se que 44,3 milhões de sacas correspondam ao café arábica, representando um aumento de 3,6%, enquanto o café robusta deverá somar 22,7 milhões de sacas, um aumento de 5,5%.

Empresas de pesquisa divergem em resultado de previsão

A StoneX conduziu pela sexta vez consecutiva o Giro de Safra pelas regiões produtoras do Brasil. Foram mais de 100 municípios visitados nas principais regiões produtoras do país, nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e São Paulo.

Segundo Maximiliano, um dos maiores desafios do mercado de café é a grande discrepância entre as estimativas da produção de café no Brasil, o que, consequentemente, impacta as projeções para o balanço global de oferta e demanda de café e gera grande volatilidade nos preços.

A Conab, por exemplo, estimou uma safra de 15,01 milhões em 2024 no estado, com crescimento tanto no conilon quanto no arábica, estimando 11 milhões de sacas de conilon e  3,9 milhões de sacas de arábica.

Depois de três anos sob efeito do La Niña, o El Niño foi o principal desafio climático de 2023

Segundo a StoneX, “a cafeicultura brasileira enfrentou momentos desafiadores nos últimos anos, reflexo de várias adversidades climáticas que ocorreram neste período. O La Niña, que ocorreu entre julho de 2020 e fevereiro de 2023, provocou atrasos nas chuvas no segundo semestre de 2020 e 2021, o que provocou sérios problemas na florada e impactou as produções em 2021 e 2022. Além disso, em 2021, houve a ocorrência de uma geada que provocou grandes perdas na produção de café arábica nas principais regiões do país.

Após o La Niña, a temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial não deu trégua e logo o El Niño passou a impactar o clima do mundo todo, com os dados do NOAA indicando que a condição de El Niño teve início no trimestre abril, maio e junho de 2023.

Os efeitos do El Niño impactaram a produção de café no Brasil, assim como impactou outros países produtores, como Vietnã, Indonésia e Colômbia. No Brasil, o El Niño provocou uma sequência de ondas de calor que ultrapassaram os 40°C em grande parte do cinturão cafeeiro. Além disso, devido ao fenômeno, grande parte do cinturão cafeeiro teve volumes de chuva bem abaixo da média nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2023, período de desenvolvimento crítico para a produção em 2024.

De forma geral, para o café, a ocorrência de temperaturas máximas acima de 34°C em alguns períodos  pode provocar perdas no desenvolvimento e na produção. Ademais, nesta condição de temperaturas elevadas, mesmo com o uso de sistemas de irrigação localizada, como gotejamento, o ritmo que a planta perde água para a atmosfera é maior que ela é capaz de absorver do solo, o que impacta o desenvolvimento e o potencial produtivo da planta.

Todas as regiões enfrentaram volumes de chuva abaixo da média, mas as regiões do Sul da Bahia, Norte do Espírito Santo e Cerrado Mineiro foram as que mais sofreram com a condição. Desta forma, o potencial produtivo da safra 2024/25 foi sem dúvida impactado pelas condições climáticas provocadas pelo El Niño”.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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