Fev 2024
28
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

Fev 2024
28
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

Cafeicultores estimam redução de safra devido às altas temperaturas

A cafeicultura é a principal atividade agrícola do estado, envolvendo cerca de 131 mil famílias na produção. O Espírito Santo é o 2º maior produtor brasileiro de café, com expressiva produção de arábica e conilon, contribuindo com mais de 30% da produção nacional. Atualmente, são cultivados 408 mil hectares de café no estado.

A previsão de uma safra antecipada é do Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel, maior cooperativa de café conilon do Brasil. Ele atribui essa antecipação à florada precoce e ao desenvolvimento uniforme dos frutos, impulsionados pelo clima favorável registrado no período de julho e agosto do ano passado.

“Acredito que devemos ter uma antecipação do período de colheita devido à florada precoce. As chuvas abundantes no final de julho e início de agosto, durante o período da primeira florada, foram especialmente benéficas. Isso estimulou o desenvolvimento e a florada aconteceu mais cedo de forma uniforme, promovendo uma maior taxa de pegamento dos frutos. Como resultado desses fatores, é provável que tenhamos um início de safra um pouco mais cedo do que o esperado, com previsão de começar na segunda quinzena de abril”, explicou Bastianello.

No ano passado, as condições adversas de 2022, como a estiagem prolongada e os períodos de excesso de chuva, resultaram em atrasos na colheita do conilon em 2023. Muitos produtores optaram por adiar a colheita para maio devido ao ponto de maturação dos frutos, além de enfrentarem desafios relacionados à falta de mão de obra e ao surgimento de pragas.

A recente preocupação com a estiagem prolongada e a escassez de água no final de 2023 levou à estimativa de uma quebra de safra de até 25% pela Cooabriel, com possíveis impactos na produtividade das lavouras. Bastianello ressalta que as altas temperaturas registradas afetaram a formação dos grãos, o que pode resultar em uma redução de peso perceptível durante a colheita.

“A formação do grão foi afetada nesse período de altas temperaturas por questões fisiológicas da planta e realmente tivemos perdas. Essa perda não é visível ao olho nu, ela deve acontecer no momento que iniciarmos o processo de colheita porque é bem possível que os danos causaram uma queda de peso. As chuvas retornaram, voltaram a cair, mas isso não significa que os grãos vão recuperar o peso que deveria acontecer”, disse Bastianello.

Para o cafeicultor de Linhares (ES), Welber Rosa Galavotti, a colheita deve começar mais cedo, na primeira semana de abril, devido ao material genético precoce em suas plantações. No entanto, Galavotti prevê uma redução de safra de até 30% devido aos efeitos da estiagem, que causaram escaldadura nos frutos. Apesar das chuvas registradas em janeiro deste ano, ele acredita que não serão suficientes para compensar completamente as perdas.

“A minha expectativa é ter uma redução de safra em 30% devido ao período de estiagem. Os meses de novembro e dezembro causaram escaldadura. Apesar das chuvas de janeiro deste ano terem ajudado de alguma forma, elas não aliviaram a perda”, explicou o cafeicultor.

Com mais de três décadas de experiência na produção de conilon, Galavotti destaca que os preços do café estão mais atrativos este ano, com a saca de 60 quilos do café conilon tipo 7 alcançando o valor de R$ 795,00, em comparação com os R$ 655,00 registrados em 1º de dezembro do ano anterior.

Calor intenso e propagação de pragas e doenças afetaram as lavouras de conilon

Para o cafeicultor Breno Vieira, que possui propriedades nos municípios de Aracruz e Linhares, o início da colheita no ano passado ocorreu na primeira quinzena de abril. No entanto, este ano, devido às condições climáticas desafiadoras, a previsão é de um início de colheita em maio. Em contrapartida, nas propriedades localizadas no sul da Bahia, espera-se um início um pouco mais precoce.

“Com a estiagem registrada em novembro e dezembro de 2023, nossas plantações foram afetadas e surgiram pragas como a cochonilha. Estimamos uma redução de 5 a 10% na safra de conilon. O processo de maturação atrasou e, como resultado, as plantas ficaram mais estressadas. Tentamos mitigar esses fatores externos com a irrigação, mas as temperaturas extremas foram um desafio”, disse Vieira.

O engenheiro agrônomo José Roberto Gonçalves explica que as altas temperaturas e o déficit hídrico no último trimestre do ano de 2023 trouxeram prejuízos significativos tanto no desenvolvimento das plantas de conilon quanto a expectativa de produção das lavouras no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia.

“A estiagem causou abortamento dos frutos, escaldadura, escurecimento dos grãos e granação. Além disso, as condições climáticas no final do ano favorecem a infestação de insetos-praga, como as cochonilhas, bicho-mineiro e o ácaro vermelho, agravando os prejuízos na expectativa de produção e exigindo intervenções químicas no manejo dessas pragas”, ressaltou Gonçalves.

Veja também

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

Pular para a barra de ferramentas