Queda na produção do café influenciou o crescimento da atividade agrícola

No Espírito Santo, o setor da agropecuária apresentou queda de 7,2% em 2023, mesmo com o registro de taxas positivas nas análises comparativas do último trimestre do ano. Este declínio anual foi impulsionado principalmente pela retração de 13,3% na agricultura, que representa a maior parte (78%) da composição da agropecuária capixaba, contribuindo com um impacto significativo de -10,4 pontos percentuais no indicador final.

Entre os produtos que impactaram negativamente o crescimento da atividade agrícola capixaba no período, destacaram-se o café (arábica e conilon), a pimenta-do-reino e a cana-de-açúcar. O café, principal componente do segmento da agricultura capixaba, apresentou queda na produção e na produtividade.

Entre os fatores que influenciaram negativamente o crescimento da atividade agrícola capixaba destacam-se a bienalidade negativa do café, a prolongada estiagem aliada às baixas temperaturas, a escassez de mão de obra e a presença de pragas e doenças fúngicas nas plantações em alguns municípios, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Apesar das adversidades enfrentadas pelo café, com a bienalidade negativa em 2023, a produtividade média do cultivo do café no estado foi 12,7% superior em relação à produtividade média do café no Brasil, segundo dados históricos da Conab (2024).

A economista-chefe da Findes, Marília Silva, ressalta que enquanto a agropecuária nacional apresenta um crescimento expressivo de 15% no Brasil, já no Espírito Santo houve um recuo de 7,2% devido a alguns fatores.

“Isso se deve à estrutura da agropecuária do Brasil, que é diferente do Espírito Santo. Enquanto o país teve um ano positivo para as lavouras de soja e de milho, o estado tem sua agropecuária, especialmente a parte agrícola voltada para o café, que tem um peso significativo na economia. No ano passado, enfrentamos uma bienalidade negativa. O lado positivo é que este ano é de bienalidade positiva, então estamos na expectativa de um resultado diferente em 2024”, destacou.

Por outro lado, a pecuária expandiu 13,9% em 2023. Contudo, ao representar 22% do setor de agropecuária do estado, essa atividade contribuiu com 3,1 pontos percentuais sobre o indicador da agropecuária.

Esse resultado positivo da pecuária foi consequência do crescimento da atividade de bovinos, leite e suínos, ao passo que as atividades de produção de aves e ovos contraíram. Mesmo com esse resultado positivo, vale dizer que o Espírito Santo vivenciou perdas na pecuária, resultado da combinação de altas temperaturas e da estiagem prolongada, afetando a produção de alimentos para o gado e reduzindo seu potencial produtivo.

Contudo, com a redução dos preços internacionais e a queda na pressão dos custos dos insumos utilizados para produção de ração animal em 2023, a pecuária se mostrou resiliente e registrou uma recuperação após 4 anos de quedas consecutivas.

Para o Brasil, o PIB do setor agropecuário cresceu 15,1% em 2023, impulsionado principalmente pelo aumento na produção de culturas como soja (27,1%), milho (19,0%), algodão (14,7%), cana-de-açúcar (14,0%) e do café (8,9%), que compensaram as quedas de culturas como, por exemplo, trigo (-22,8%), laranja (-7,4%), feijão (-4,1%) e arroz (-3,5%), de acordo com o IBGE.

Em comparação com o Brasil, o setor agropecuário capixaba apresentou um crescimento de 8,3% no quarto trimestre de 2023 em relação ao terceiro trimestre, enquanto a nível nacional houve uma contração de 5,3%. Na análise do quarto trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022, o setor agropecuário do Espírito Santo expandiu 11,8%, enquanto a nível nacional permaneceu estável (0,0%).