Mar 2024
29
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Foco de monilíase na zona rural de Cruzeiro do Sul acende alerta nos produtores

Este caso surge em um momento em que os contratos futuros dispararam para mais de US$ 10.000 por tonelada na Bolsa de Nova York, uma marca inédita. Nesse momento, o mercado de cacau enfrenta os impactos da escassez de oferta. Fabricantes de chocolate estão enfrentando dificuldades para adquirir grãos, devido a colheitas fracas em países africanos importantes, como Costa do Marfim e Gana.

André Scampini, secretário-executivo da Associação de Cacauicultores do Espírito Santo, aponta que a entrada de uma doença que pode afetar as lavouras de cacau representa um risco para os produtores, especialmente em um momento em que estão começando a obter lucros com a valorização do preço do cacau.

“Agora que os produtores estão começando a ter lucro nas roças, sentindo o estímulo para realizar novos investimentos, este é um momento favorável para o cacau. No entanto, não podemos ser pegos de surpresa por doenças. É um momento de apreciação pelo aumento dos preços, mas também não podemos descuidar das lavouras. É fundamental aplicar boas práticas de manejo nos plantios, garantir a procedência das mudas adquiridas, obtendo-as de viveiros credenciados e com acompanhamento técnico”, explicou Scampini.

As medidas de prevenção são cruciais para evitar situações como a ocorrida em 1989, quando os primeiros focos de vassoura-de-bruxa foram identificados no sul da Bahia. Desde a detecção da monilíase em 2021, houve um esforço contínuo para erradicar a doença na região.

A monilíase, causada por um fungo que ataca os frutos em qualquer fase de desenvolvimento, pode resultar em perdas econômicas substanciais, comprometendo até 100% da produção. De acordo com a Embrapa, o fungo, presente na América do Sul há mais de 200 anos, causa inicialmente o escurecimento dos frutos, seguido pela formação rápida de uma camada de pó branco, composta pelos esporos do fungo, que se espalham facilmente.

Atualmente, estão sendo implementadas medidas para evitar que a doença se espalhe para estados importantes na produção de cacau, como Espírito Santo, Bahia, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia, que juntos abrangem uma área de cultivo de 700 mil hectares, colocando o Brasil como o sexto maior produtor mundial.

Diante desse novo foco identificado, surge a necessidade de os produtores de cacau aumentarem os cuidados com suas plantações. O pesquisador do Incaper, Enilton Santana, destaca a importância de retardar ao máximo a chegada da monilíase nas plantações, considerando a relevância da cadeia do cacau para o Brasil e para o Espírito Santo.

“É preciso retardar o máximo possível a entrada da monilíase nas plantações. A cadeia do cacau tem um importante para o Espírito Santo, especialmente considerando os preços elevados da commodity devido à escassez global de cacau. Hoje, entre 40 a 50 municípios capixabas estão envolvidos na cultura, o que destaca a importância da cacauicultura para o estado. Observamos um crescente interesse de produtores em investir na cultura e buscar técnicas mais produtivas”, destacou.

Para isso, o produtor deve tomar as medidas de precauções como implantar protocolos de segurança nas lavouras, realizar o manejo correto e ajudar a divulgar as precauções para outros produtores e para a sociedade em geral. A doença pode ser disseminada facilmente pelo transporte de frutos e material vegetativo e também em embalagens contaminadas pelo fungo.

“Portanto, é essencial implementar controle genético e químico para prevenir e controlar a monilíase do cacaueiro. Devemos evitar o trânsito de material genético entre estados, aumentar os esforços de divulgação e promover campanhas fitossanitárias em escolas e áreas de circulação pública para conter a disseminação da doença no Brasil”, explicou o pesquisador do Incaper.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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