O contrato futuro surge como uma solução ao trazer previsibilidade e permitir o gerenciamento do risco de preço

Ricardo Bamberg participou do painel “O futuro do café”, trazendo o cenário atual e as perspectivas futuras para a cafeicultura capixaba, ao lado do presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória, Fabrício Tristão, e do diretor Comercial da RealCafé, Bruno Giestas.

Segundo ele, os principais benefícios proporcionados pelo contrato futuro de café conilon  incluem uma gestão de risco de preço tanto para os produtores quanto para indústrias do setor.

“Atualmente, produtores e indústrias de café conilon estão sujeitos às flutuações imprevisíveis do mercado à vista. Isso cria incertezas significativas, especialmente para indústrias que necessitam garantir a originação do café ao longo do ano, mas carecem de clareza sobre os custos futuros. O contrato futuro surge como uma solução ao trazer previsibilidade e permitir o gerenciamento do risco de preço. Em um mercado notoriamente volátil, como o do café, esta ferramenta é crucial para mitigar os impactos das oscilações de preço”, destacou Bamberg.

Para os produtores, o risco de preços em queda pode comprometer seus custos de produção, enquanto para as indústrias, o risco de preços altos pode dificultar o cumprimento de compromissos financeiros. O contrato futuro oferece o equilíbrio necessário para lidar com tais situações, tornando-se uma ferramenta essencial já consolidada em diversos setores do agronegócio, como milho, boi gordo, etanol, soja e café arábica.

Durante a sua participação no evento, o analista de Commodities da B3 destacou a relevância desse instrumento para garantir estabilidade e sustentabilidade nas operações relacionadas ao café conilon.

“Para muitos produtores, esta é a primeira vez que têm contato com o mercado financeiro, e é crucial esclarecer que o uso desse contrato não se trata de especulação, mas sim de proteção. O contrato futuro funciona como um seguro, permitindo aos produtores travar margens e garantir a continuidade de suas operações, mesmo diante das flutuações de preço do mercado”, disse Bamberg.

Desde meados de 2022, a B3 tem trabalhado no desenvolvimento desse contrato, em estreita colaboração com diversos setores da indústria cafeeira. Conversas e consultas com produtores, cooperativas, indústrias de café solúvel e multinacionais do setor foram realizadas para garantir que o novo contrato atenda às necessidades e expectativas do mercado.

“As instituições de café e o mercado apoiam fortemente, aguardando com grande expectativa o desenvolvimento desse projeto. Prevemos que seja lançado ainda este ano, possivelmente entre junho e setembro. Este novo instrumento será mais uma camada de proteção para o comércio, complementando os já existentes. Estamos comprometidos com as discussões em torno do contrato, incluindo questões relacionadas à qualidade do café e à habilitação de armazéns para recebimento”, destacou o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória, Fabrício Tristão, um das instituições envolvidas na discussão.

Desde 2017, lideranças do Espírito Santo solicitavam que o café conilon tivesse contratos futuros negociados na bolsa brasileira. Octaciano Neto, que atuou como secretário de Agricultura do estado na época e agora é diretor de Agronegócio da Suno, destaca a importância dessa iniciativa, ressaltando que é uma demanda antiga.

“A oportunidade de negociar café futuro na bolsa é uma excelente notícia que a B3 está trazendo desde à época que atuei como secretário. Muitos batalharam para fazer isso acontecer. É um avanço significativo para os produtores, proporcionando uma melhor capacidade de planejamento. Isso ajuda a estabelecer um preço médio mais vantajoso, eliminando a necessidade de especular sobre os preços futuros”, ressaltou Octaciano.