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Um projeto de pesquisa e transferência de tecnologia entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está impulsionando a cadeia produtiva do alho e fortalecendo a agricultura familiar na região serrana do Espírito Santo. O projeto engloba o estudo de 21 variedades de alhos, compostas por 16 variedades semi-nobres e cinco nobres, cada uma cultivada, testada e adaptada de acordo com as características do solo capixaba, antes de serem repassadas aos produtores rurais. A pesquisa tem ajudado agricultores a produzirem espécies da planta livres de vírus e do tipo nobre, mais valorizado no mercado.
Este projeto tem como principal foco o aprimoramento da cadeia produtiva do alho e o apoio à agricultura familiar na região serrana do Espírito Santo, através da introdução da tecnologia do alho-semente livre de vírus. O projeto é coordenado pelo Incaper no Espírito Santo, com o auxílio da engenheira agrônoma e pesquisadora especializada em melhoramento genético vegetal, Andréa Ferreira da Costa.
Antes de serem introduzidas no Espírito Santo, as plantas das variedades de alho passam por um rigoroso processo de limpeza clonal em laboratório, assegurando a completa ausência de vírus. Após este procedimento, as plantas são nutridas e estimuladas com hormônios em um processo em laboratório de cultura de tecidos, antes de serem transferidas para uma casa de vegetação para completar seu desenvolvimento.
Estudos experimentais são conduzidos para determinar as variedades mais adequadas ao solo capixaba, como a recente distribuição, em março e abril, de “alho-semente” da variedade Amarante, livre de vírus, para agricultores dos municípios de Venda Nova do Imigrante, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins.
Além disso, o projeto está introduzindo cinco variedades de alho nobre, uma novidade na região. Este tipo de alho é valorizado no mercado por possuir menos dentes. Para capacitar os agricultores na produção deste alho nobre, está previsto um treinamento promovido pela Embrapa e Incaper no final de abril.
Atualmente, o Espírito Santo é o sétimo maior produtor de alho do país, com cerca de 1,6 mil toneladas plantadas em 154 hectares, concentradas em municípios como Santa Maria de Jetibá, Afonso Cláudio e Domingos Martins.
A iniciativa é ideal para revitalizar a cadeia produtiva do alho, mas também expandi-la para outros municípios com potencial para o cultivo. Agricultores de municípios como Santa Maria de Jetibá, Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante já foram beneficiados, e a cultura está sendo estendida para locais como São Pedro Frio, em Colatina, e São Rafael, em Linhares, conhecidos por suas altitudes e clima ameno.
“O propósito deste projeto é fortalecer a cadeia produtiva do alho no Espírito Santo. Nosso compromisso é fornecer aos produtores alho de qualidade, completamente livre de vírus. Cada bulbo que entregamos passa por um rigoroso processo de cultura de tecido para garantir sua pureza, antes de ser cultivado em meio especializado. O resultado é um alho limpo e saudável, pronto para o agricultor”, explicou Andréa Ferreira da Costa.
Para manter o dinamismo na produção de alho no Espírito Santo, o projeto busca facilitar o cultivo por meio da distribuição de variedades superiores. A entrega de alho limpo e livre de vírus é um dos principais objetivos do projeto, visando reduzir significativamente as perdas na colheita, que podem atingir de 30% a 50%.
“Na realidade, os vírus tendem a se acumular devido à estrutura do alho, composta pelo bulbo (a cabeça de alho) e os bulbilhos com dentes. O processo é o seguinte: o agricultor colhe o bulbo, reserva uma parte e vende o restante. Se a parte guardada estiver contaminada, os vírus se multiplicam para o próximo ano, pois cada dente se transformará em uma nova cabeça de alho. Assim, um único dente contaminado plantado no ano seguinte resultará em um bulbo, que por sua vez produzirá vários bulbilhos, perpetuando a contaminação”, esclareceu.
Com cerca de 70 quilos de alho já distribuídos nas montanhas capixabas e novas cultivares em desenvolvimento, os agricultores poderão contar com uma produção de maior qualidade e livre de vírus.
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