A startup capixaba Estéril-UV desenvolveu um sistema de desinfecção para a pimenta-do-reino usando luz ultravioleta do tipo C (UVC). A tecnologia é capaz de esterilizar a especiaria, inclusive contra a salmonella, em questão de minutos. A startup tem sede em São Mateus, no Espírito Santo, região reconhecida como a capital das especiarias e o principal polo de produção de pimenta-do-reino do Brasil. Atualmente, a startup está na etapa de produção de protótipos em escala real. Os testes já realizados demonstraram uma eficiência de esterilização de 98%, eliminando as bactérias, especialmente a salmonella.
A pimenta-do-reino capixaba tem uma importância econômica considerável, sendo o terceiro produto mais importante da pauta de exportações do agronegócio capixaba, depois do café e da celulose. Em 2023, mais de 54,5 mil toneladas foram exportadas para 74 países, gerando uma receita de US$ 167,6 milhões. Este cenário destaca a necessidade de resolver questões como a contaminação por salmonella, um problema que afeta a produção e exportação.
O projeto Estéril-UV surgiu como resposta a essa necessidade urgente. Desenvolvido no Centro Universitário Vale do Cricaré, em São Mateus, esse sistema inteligente de esterilização utiliza luz ultravioleta tipo C para descontaminar a pimenta-do-reino, sendo uma iniciativa para mitigar os prejuízos causados pela presença de salmonella.
Felipe Oliveira Souza, professor e fundador da Estéril-UV, destaca a eficácia da luz do tipo C para inativar uma variedade de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos.
“A demanda de resolver o problema da salmonella é emergente. Trata-se de uma bactéria facilmente recorrente, podendo ser reintroduzida através da contaminação aérea, do solo e até mesmo durante o manuseio. É uma demanda que requer solução, pois tem acarretado perdas significativas na produção e exportação”.
A startup conta com o apoio do Bussola Hub, um centro de inovação em São Mateus, destaque no estado por agregar importantes pesquisas no seu portfólio, contando com clientes como a Suzano. Segundo Tiago Pimenta, gerente de Inovação do Bussola Hub, a parceria com a Estéril-UV foi estabelecida por meio de um programa de aceleração de startups.
“Possuímos um programa de aceleração de negócios em parceria com o Movimento Capixaba pela Inovação (MCI), Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e Sebrae-ES, com o propósito de fomentar o desenvolvimento de startups na região norte do Espírito Santo. Nosso objetivo é levar as startups até um estágio onde possam se desenvolver, ingressar no mercado e comercializar suas soluções”, explicou Pimenta.
Atualmente, a estéril-UV está na fase de prototipagem da tecnologia e busca investidores para expandir sua produção e logística. O foco está em oferecer uma solução acessível e viável, alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e políticas ambientais, sem comprometer a eficácia ou o impacto ambiental.
“Para nós, inovar significa encontrar uma solução criativa para um problema real. É fundamental que essa solução seja viável e faça sentido, resultando em um produto acessível. Não adianta criar algo absurdo e inacessível, que permaneça apenas no mundo das ideias. A acessibilidade é um aspecto essencial na construção da Estéril-UV”, ressaltou o fundador da startup.
Ele destaca o uso da radiação eletromagnética do tipo C, ressaltando sua natureza não prejudicial ao meio ambiente. Além disso, enfatiza a ausência de impacto térmico, resultando em significativa economia de energia em comparação com outras tecnologias.
“Essa abordagem também elimina o uso de solventes e água, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e às políticas de ESG (ambiental, social e de governança), que são cada vez mais relevantes em escala internacional”.
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